O Governo completa pouco mais de meio ano de mandato. São falhanços na solução dos problemas que o país tem, e não em problemas que o país não tem, nem precisa. É uma característica dos maus governos. Não têm faltado governos que, em vez se concentrarem em resolver os problemas reais do país, resolvem apenas os de alguns interesses muito particulares. Vejamos: este governo começou o mandato empenhadíssimo em tratar do casamento dos homossexuais. A realidade de hoje demonstra que esse não era o principal problema do País. Outro exemplo: a avaliação dos professores não será o principal problema da educação, mas este governo conseguiu que em dois anos e meio assim fosse.
O País precisa de um novo Aeroporto, ou do TGV? Parece que não: este último equipamento é necessário para percorrer grandes distâncias que o País não tem; quanto ao aeroporto, a pressão da procura diz-nos que o Aeroporto da Portela parece chegar para muitos e longos anos. Este é o governo que parece “leiloar” a localização do novo Aeroporto, ou as linhas de TGV, demonstrando um especial jeito para arranjar sarilhos (ou para nos meter neles). O PS sabia, e o Eng. Sócrates sabia, porque o mundo inteiro sabia, que o défice não era de 5,9%, como afirmou em campanha. Esse valor mais do que duplicou.
Este meio ano tem sido um pesadelo, pelas dificuldades que surgem todos os dias e pela incapacidade demonstrada pelo governo em encontrar soluções. Alguns exemplos de um governo perito em arranjar problemas: as verbas do QREN, que podiam ser uma ajuda preciosa para as empresas. A meio do programa, (2007 a 2013), regista-se uma execução que evolui de 5% para 11%, quando deveriam estar executados 47%, e muito daquele resultado é da responsabilidade dos municípios e não das empresas. Temos ainda o PRODER (programa para o desenvolvimento Rural): a execução em 2009 foi de 14%, e subiu para 17% em 2010, quando devia estar igualmente em 47%. Ou seja, é dinheiro que devia estar a criar riqueza, a ajudar empresas e famílias que enfrentam todos os dias dificuldades, e que corremos sérios riscos de se perder por inércia do Governo.
O problema é que para fazer face às despesas diárias em bens de consumo, sempre mais caros (electricidade, mais 2,9%, água, mais 1,4%; energia, mais 12%; e transportes, mais 5,3%), muitos não têm sequer emprego - são já mais de 10%. E nem os estrangeiros escapam: dos 54.228, estão no desemprego 7,070. Precisamos de rigor, coragem e justiça, características que falam a este governo. Rigor no “rendimento mínimo”, que teve um aumento de 20,1% em relação a igual período de 2009, em muitos casos para quem não merece. Coragem para cortar na despesa corrente, em vez de nomear “boys”, como aconteceu recentemente no IEFP, avançar com rescisões por mútuo acordo na função pública. Justiça, num combate feroz às desigualdades entre os prémios e ordenados dos quadros das empresas participadas pelo Estado.
O país pede o melhor de cada um de nós, mas exige que o Governo seja competente, e que se concentre nos seus verdadeiros problemas, que saiba propor, negociar e ouvir, ou seja precisamos de uma atitude “patriótica” da oposição e do governo.