Estive em Resende no 9º Festival da Cereja, no dia 30 de Maio, a acompanhar o Secretário de Estado da Administração Local, José Junqueiro e o anfitrião deste magnífico evento, António Borges, Presidente da Câmara Municipal de Resende, entre tantos outros.
A partir de um produto endógeno, a Câmara Municipal, em união de esforços com todos os resendenses, criou uma marca de grande qualidade e que se estende, hoje, a todo o norte e já, mesmo, a todo o país: CEREJA DE RESENDE.
São estes, afinal, os verdadeiros eventos que marcam a diferença e a dimensão das políticas autárquicas: i) pelo aproveitamento dos produtos endógenos que brotam do seio da terra; ii) pela riqueza que proporcionam aos residentes; iii) pela atracção turística que geram no país; iv) pela auto-estima e espírito de trabalho que acrescentam a todos os que ali vivem.
Ali vi peregrinadores vindos de todo o país. Mais do norte, com certeza. Mas todos eles, visitantes ávidos de um fruto (e de uma paisagem). De um fruto (e uma paisagem) que não deixa ninguém indiferente. Que a todos desperta os mais escondidos instintos de lhe deitar a mão. De agarrar um ramo e de lhe sorver logo ali toda a sua criação suculenta. De levar consigo vários recantos de horizontes intimistas.
A cereja é assim como um fruto do céu e do inferno. Que simboliza os campos férteis e o paraíso. E que tantas vezes nos seduz para o pecado.
Quem não se lembra de em criança ir “roubar” cerejas. Ainda mal pintavam. Ainda o doce não tinha fermentado. Ainda o sol não estava a pique. Mas eram as melhoras. Enchiam-me a alma. E às vezes até o corpo. Sobretudo as nádegas que ficavam em rubor face às palmadas certeiras da justiça doméstica.
É assim a cereja. Um fruto inspirador ao longo dos tempos. De pintores, poetas. Eruditos e populares. Em busca de simbolismos. De paixões. De amores e desamores. Regressos e partidas a origens distantes.
Cereja de Resende: uma marca inspiradora. Inspiradora e que tocou bem fundo no imaginário dos resendeneses e de tantos portugueses.
E é por isso que Resende se enche. Se encheu. Transbordou. De alegria. De trabalho. De música. De amigos. De gente. De muita gente que quer e quis estar no centro da festa e debicar, também, mais esta e aquela cereja. Uma rosada, outra negra, aquela púrpura, esta mais vermelha... Todas doces, muito doces... Nenhuma proibida.
E no final, o cortejo. A vivência sublimada em procissão devota. Mobilizadora da comunidade educativa. De todos aqueles que partilham e agem em educação. De todos quantos querem exaltar e exaltar-se em agradecimento à terra. Em gratidão à sua terra e às gentes. A todas as gentes que quiseram, querem, por um dia que seja, ser cidadãos de Resende, em Resende.