Na altura que escrevo este artigo, PSD e PS estão reunidos para mais um acordo, cujo objectivo é “sacar” mais aos contribuintes - no caso, aos que vão utilizar as SCUT’S. Não pensem que mudei de ideias: sou o único político que foi a votos defendendo o princípio do utilizador/pagador, e mantenho tudo o que disse e escrevi neste mesmo jornal. A verdade é que foi um governo PS que inventou o conceito SCUT (auto-estradas Sem Custos para o Utilizador), criando necessidades e, já agora, direitos adquiridos a populações que até aí não tinham auto-estradas. Até agora, as estradas que não custariam nada custaram ao contribuinte 4 mil milhões de euros. Até agora, e a renda deste ano é de 700 milhões de euros, valor que tem um problema ético: que usa não paga, mas quem não usa financia com impostos.
Acontece que o PS percebeu que não podemos continuar sem pagar, e por isso decidiu agora cobrar portagens em vias que não estão preparadas para isso, porque não existem praças de portagens. Logo, só é possível o pagamento com recurso a um dispositivo electrónico: o famoso chip. Por mim, até pode ser. Mas não aceito que para pagar portagens tenham que invadir a minha privacidade, ou que o chip seja obrigatório. Defendo que se deve pagar, mas pelo modelo escolhido pelo utilizador - Via Verde, Chip, dinheiro ou outro -, e tudo de forma simples e rápida, como hoje se faz em qualquer parque de estacionamento. Ninguém precisa de ser identificado. Foi por isto que apresentei um projecto-lei de revogação de todo o sistema de Chip.
O PS e, pelos vistos, o PSD devem pedir desculpas pelo modelo escolhido para financiar as auto-estradas. A realidade é que não temos dinheiro, e as consequências já se fazem sentir, por exemplo nas falhas das vistorias as inspecções subaquáticas, que são fundamentais fazer em todas as pontes do país, em concreto no nosso IP3 (Viseu, Coimbra). Segundo responsáveis da EP (Estradas de Portugal), a falta de verbas. A notícia da semana que para os Viseenses tem mais impacto é que foram desligados os postos de SOS no IP3, sendo que agora foram desligados todos os postos de SOS em todos os Itinerários principais, com a explicação de falta de dinheiro. Ou seja, a asneira do PS, para além de cara, corta onde não se deve poupar: na segurança das pessoas e bens.
Bem sei que vivemos um período de crise, mas a verdadeira crise existe na governação, onde se espera competência e rigor. Seria preferível poupar em assessores, chefes de gabinetes e outros boys, ou seja, na despesa desnecessária do estado, mas essa é uma discussão que pelos vistos não é prioritária. Mas devia ser.
Termino com um alerta, a coerência do Deputado Almeida Henriques e do PSD de Viseu, no seu Blog, o deputado exorta os deputados socialistas a juntarem-se a ela na luta contra as portagens. Apresentou na Assembleia Municipal de Viseu, apresentou uma moção para pagamento de portagens, mas com isenções o Dr. Passos Coelho fala agora em desconto, veremos em que fica o PSD.