Ficou claro, ontem, durante o Debate do Estado da Nação que o Primeiro-Ministro continua com grande firmeza a puxar pelo país e a apresentar medidas para combater a crise internacional em que vivemos.
Do lado da oposição, nomeadamente do PSD, ao invés, o que vimos e ouvimos, ontem, no Plenário foi um deserto de ideias e uma completa falta de projectos concretos para Portugal.
Pensávamos que a nova liderança de Pedro Passos Coelho tinha um programa consistente e coerente de reforço do Estado Social, de defesa da Escola Pública, de robustecimento do Serviço Nacional de Saúde, de consolidação do sistema de Segurança Social.
Enganámo-nos. Aliás, começamos todos, neste momento, infelizmente, a ter algumas certezas, que são as de que deste PSD, de Pedro Passos Coelho, e dos parlamentares que veiculam as suas opiniões no Parlamento, não só não sai nenhuma nova ideia, nenhum novo impulso de modernização do país, como ainda se coliga, de uma forma politicamente irresponsável, com todos aqueles que querem combater o PS, o Primeiro-Ministro e dar guarida às corporações.
Deste PSD, e isso viu-se recentemente nas suas jornadas parlamentares, as ideias que são apresentadas aos portugueses pelos seus convidados, se é que poderemos considerá-las como ideias, são a redução dos vencimentos dos portugueses e a apresentação de uma moção de censura. Falam, veja-se bem, em cortes de 30% nos vencimentos. São um ataque desproporcionado, este sim, aos mais carenciados e àqueles que mais precisam de um Estado Forte.
Mas, do PSD tem vindo também um combate sem tréguas à Escola Pública e aos Cuidados Universais de Saúde e uma predilecção pela privatização da Segurança Social.
Ou seja, a resposta deste PSD é só uma: o neoliberalismo. Uma viragem à direita. Uma cedência cega aos interesses mais absurdos dos grupos de pressão, aos interesses dos lobby’s, a uma secundarização da dignidade dos sectores da sociedade que são mais vulneráveis: jovens, idosos e pessoas com deficiência e uma falta de responsabilidade política na defesa de Portugal.
Veja-se, aliás, o que fez o líder do PSD ainda recentemente em Espanha. Foi atacar o Governo do seu país a Madrid. Foi atacar a golden share da PT combatendo assim os interesses estratégicos de uma empresa de telecomunicações portuguesa. Como se a golden share não tivesse sido criada precisamente pelo PSD de Cavaco Silva e Durão Barroso. Como se entretanto já não tivessem estado no Governo o PSD em coligação
com o CDS e nada tivesse feito para retirar a golden share dos estatutos da PT. Neste caso até Marcelo Rebelo de Sousa, um PSD insuspeito, atacou este comportamento de Pedro Passos Coelho e disse que esta forma de fazer política não está na boa linha de actuação, desde sempre, do PPD/PSD.
Ou seja o PSD está numa deriva de ziguezague, num comportamento de esquizofrenia política e não se dá conta que o que é necessário em política é apresentar soluções, apresentar ideias, apresentar programas e projectos.
Pois bem, não devia ser esse o caminho do PSD, como partido do arco da governação. Mas é este, objectivamente, o caminho que está a seguir e assim o que está a fazer é a servir os pequenos interesses e a dar guarida a nichos de mercado.
Os portugueses têm memória e saberão na altura certa fazer as suas opções, entre quem governa com ideias e pragmatismo em tempo de dificuldade e quem não tem soluções para estes novos tempos.