A situação de financiamento às empresas é cada vez mais crítica, os Bancos exigem a cada dia que passa mais garantias e não concedem novos empréstimos, limitando-se a consolidar créditos ou a enviar cartas a alterar condições e dizendo que, caso não concordem, poderão revogar o contrato.
Há uma atitude de prepotência e até, muitas vezes, de grosseria e abuso da posição de domínio que têm e, como as empresas não têm alternativas, comem e calam, para não agravarem ainda mais a débil situação em que se encontram.
A somar a esta situação, degradam-se os prazos de pagamento, quer do Estado às empresas, quer dentro do mercado, interno e externo.
Apesar de existir uma directiva comunitária transposta para o nosso normativo nacional, raras são as instituições que debitam juros de mora quando o prazo acordado é excedido.
Basicamente só existem dois mecanismos que permitem aceder ao crédito, refiro-me ao Sistema Nacional de Garantia Mútua, que pode ser acedido directamente ou através da linha PME INVESTE em vigor que, infelizmente, não chega a todos os destinatários pois o sistema financeiro aproveita para seleccionar aqueles onde tem maior exposição, demora a análise dos mais pequenos, comerciantes, industriais ou agricultores e, quando estes chegam ao sistema, já esgotou a linha; a outra forma é o capital de risco, aplicado só em casos de investimento e pouco em uso em Portugal, o grosso está nas mãos do Estado e tem servido mais para fazer politica ou alimentar os denominados hospitais- empresa, que não é a sua vocação.
Convenhamos que é uma situação bem difícil de gerir para o tecido das micro e PME.
Para agravar, há uma directiva que transpôs para a União Europeia as regras sobre capital de Basileia II, fazendo-a aplicar a bancos e instituições financeiras da Europa, está a ser revista pela quarta vez.
Os efeitos práticos reflectem-se nas empresas e bancos portugueses, a nossa banca não tem liquidez nem onde ir buscar o dinheiro para se financiar, se precisar de reforçar os capitais próprios vai ser o bom e o bonito!
O quadro é muito negro, ou há bom senso de Bruxelas ou vamos viver momentos de desespero.
É fundamental encontrar regras que não asfixiem a nossa Banca, sob pena de não haver mesmo capitais para emprestar e parar a economia.
É um efeito em cadeia, os bancos não emprestam porque não têm liquidez, as empresas não se podem financiar e não conseguem produzir ou financiar as suas exportações; o Estado não paga e os Bancos limitam o acesso aos factoring, o que limita ainda mais a liquidez das empresas.
Como li esta semana num jornal nacional, “o G20 entendeu-se na crise, mas está dividido na retoma”, a Europa toda à defesa colocando em causa as PME e a economia, exige-se bom senso e, mais uma vez, resposta célere.
Hoje, mais do que nunca, é preciso que a resposta seja europeia, é preciso garantir que se apliquem as novas normas para evitar novas crises e, ao mesmo tempo, que estas não provoquem uma nova crise
Se a vida está difícil para as empresas e cidadãos, com atitudes pouco prudentes ainda mais poderá fazer perigar a economia da Europa e mais concretamente dos Países do Sul.
Tempos difíceis que obrigam a decisões firmes e governos que actuem, sob pena de pagar ainda mais a economia.