Acabaram as férias, pelo menos para a maioria. O verão foi quente e contraditório: altas temperaturas a justificarem idas ao mar, mas demasiado quentes para ajudar no combate ao drama dos incêndios. Em termos políticos, houve mesmo férias: até a denominada “silly season” (noticias estúpidas) foi quase inexistente. Uma ligeira incursão da politica totalmente Silly no mundo da bolam onde “tudo é triste, tudo é fado”, um submundo onde as regras de funcionamento só por mero acaso são conforme às regras democráticas e ao bom senso. Veja-se o inqualificável caso do Seleccionador Nacional, que promete chegar ao Inverno.
Para além da área ardida, o verão deixa um outro rasto de fumo sobre o mundo em que vivemos: a violência do narcotráfico, confirmando as grandes dificuldades em controlar os cartéis de tráfico da droga. Um alerta para os que olham com benevolência para o combate, com regras e sem tréguas, a este flagelo, afecta por agora o Povo Mexicano, levando a que muitos sintam a necessidade de procurar acolhimento nos EUA, onde o sonho americano acaba muitas vezes nas autoridades alfandegárias e, mais dramaticamente, numa vala comum. Inacreditáveis foram as declarações da aspirante a Presidente do EUA, a acusar Obama de não “os ter no sítio” para combater a emigração ilegal. A Senhora não acerta com a parte do corpo com que se deve tratar o problema… Os governantes, que têm que resolver estes problemas, devem fazê-lo com a razão e com o coração.
As ondas da emigração ilegal não se confinam à costa americana: na velha Europa, exactamente no coração da “nação dos valores”, assiste-se com sentimentos contraditórios à expulsão de ciganos ilegais, mal feita e pior explicada (agora com tentativas de correcção). Mas a atitude francesa não se confina à comunidade cigana, revendo as leis de emigração, e alargando a consequência a todos os estrangeiros “que ameacem a ordem pública através de actos repetidos de roubo ou mendicidade violenta”. Os irrealistas vão perceber que os países têm regras soberanas que devem ser respeitadas por todos, principalmente por estrangeiros - ou seja, “em Roma sê Romano”. Os países devem saber que convém receber com rigor para tratar com humanidade. A Espanha antes, e agora a França, estão a pagar o facilitismo. Pede-se responsabilidade. Como bem disse o Santo Padre Bento XVI, é preciso “saber acolher a diversidade humana”.
Resta assinalar o regresso político do meu partido, apenas para registar um aspecto para mim muito relevante: apresentou como primeira medida a Lei de Bases dos Cuidados Paliativos, para que finalmente se crie uma rede de saúde paliativa, que por exemplo o concelho de Viseu não tem. É também um sinal de evolução: estes cuidados de saúde destinam-se a doentes de todas as idades e patologias, oncológicas e não oncológicas, são prestados ao longo de meses, semanas e até anos. Para prestar cuidados de saúde a estes doentes, terminais ou moribundos, são precisos meios físicos e humanos, com preparação técnico-científica. Exigem-se serviços de saúde de qualidade, com o objectivo de reduzir a dor e o sofrimento, para além dos imprescindíveis “carinho e mimos”. Na saúde não se deve poupar no doente, mas sim no desperdício.