Hoje, todos temos como adquirido que a estabilidade política é essencial para que o país possa respirar e para que os mercados financeiros internacionais deixem de olhar para Portugal como um maná, onde podem continuar a actuar e a atacar a economia de uma forma gananciosa e sem quaisquer escrúpulos.
Aprovado que está o Orçamento de Estado para 2011 na generalidade e tudo se encaminha para que na especialidade também venha a ser aprovado sem disfunções de maior, a avaliar pelas declarações de Miguel Macedo, restaria agora entrarmos num clima de maturidade política para cada um dos agentes políticos e públicos poderem fazer aquilo que é preciso.
Há, porém, sempre um coro, de vozes, que nunca está satisfeito. Um conjunto de pessoas que nunca se dão por convencidas. Que estão sempre mais além do que tudo aquilo que pode ser imaginável. Alguns são comentadores políticos, muitos deles ex-ministros das finanças e de outras pastas, alguns com reformas douradas desde há décadas, outros economistas puros e duros da escola ultra-liberal e outros ainda que atiram para o ar com palpites, acerca de tudo e do seu contrário, para acertarem quando for “segunda-feira” e poderem, então, dar o seu prognóstico a posteriori de que “eu já tinha avisado”!
Dizem que o FMI tem que vir para Portugal, que ainda temos que ir mais além na austeridade, que o Governo está morto, que Portugal precisa de despedir de qualquer maneira, que o serviço de saúde tem que se privatizar… Enfim, é um chorrilho de atoardas lançadas diariamente para opinião pública através da Comunicação Social, sempre ávida destes títulos.
É verdade que os próximos anos vão ser difíceis, mas não é para Portugal, é para toda a zona euro e para a União Europeia em geral. Os tigres asiáticos estão aí e o mundo está em grande agitação. Aliás todos os países europeus estão a tomar medidas de grande contenção e de austeridade. E não são só os países que têm nos respectivos governos partidos socialistas. Aliás dos vinte e sete países da UE só quatro são governados por partidos da família socialista europeia.
Mas o que é mais alarmante, em tudo isto, é a irresponsabilidade com que a direcção política deste PSD, e sobretudo Passos Coelho, se têm vindo a comportar em todo este processo. Há uma grande imaturidade nas posições do PSD que está focado em eleições legislativas antecipadas seja a que pretexto for. E ameaçou até com uma crise para a Primavera. E se alguma moderação se instalou nesta semana isso fica a dever-se à tez carregada e sisuda de Cavaco Silva e porventura ao assomo de clarividência ao retardador provocada pela intervenção de Manuela Ferreira Leite no debate do Orçamento na generalidade.
Pese embora tudo isto, o que é facto é que os dados que foram recentemente conhecidos, do INE e EUROSTAT, da conjuntura económica portuguesa são muito favoráveis. Atribuem-nos um crescimento, no terceiro trimestre, de 1,5% em termos homólogos e um crescimento igual ao da Zona Euro, em termos trimestrais (0,4%), quando por exemplo a Espanha está estagnada e a Grécia continua em recessão técnica.
Não é com toda a certeza o fim de nada. Muitos menos destes tempos conturbados.
Porém, parece-me, que para além da estabilidade temos que ter uma forte crença na nossa economia, na nossa competitividade e em nós próprios, pois muito deste crescimento (15%) foi sustentado num aumento significativo das exportações. E isso faz diferença.