Se são bem notórias as dificuldades que Portugal está a atravessar, também não menos verdade que esses problemas e esses constrangimentos estão a atravessar todos os países da União Europeia e, praticamente, todos os países do mundo.
Este não é mais que o desfecho de muitos anos de deriva liberal e cega no domínio das engenharias financeiras em que o mais importante não era corresponder às necessidades da sociedade e da economia real, mas aos grandes desígnios de umas entidades bancárias, dos mercados afinal, que iam acumulando prejuízos sobre prejuízos que mascaravam com os hoje designados produtos tóxicos.
Foi o tempo do salve-se quem puder que deu no que e que todos hoje bem conhecemos.
Mas, pese embora este problema, grave, que muito nos afecta enquanto país, nós temos vindo a prosseguir o nosso caminho sem tergiversações e as apostas que Portugal está a fazer começam a dar os seus frutos e a colocar Portugal numa linha avançada e de primeiro plano em várias áreas.
Embora Portugal continue a ser o país onde se produz bem vinho, boa cortiça e bom azeite, há hoje aspectos distintos de Portugal no mundo que já não passam por estes produtos. Basílio Horta, aliás, deixou isso bem claro quando afirmou, recentemente que Portugal, pelo facto de estar a fazer uma forte aposta nos carros eléctricos passará a ser visto, já é visto no Japão, não como o país dos produtos tradicionais, mas como o país das novas tecnologias, necessárias a montante e a jusante deste novo produto tecnológico.
Mas há outras áreas onde isso acontece, como por exemplo, nas energias renováveis na desmaterialização dos procedimentos administrativos e na administração digital.
E estas são áreas decisivas para uma agenda de desenvolvimento e competitividade para o futuro.
Relatório da OCDE sobre Educação
E como se isto não chegasse veja-se o recente relatório da OCDE sobre os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) e o que o Director da OCDE para essa área (Andreas Schleider) sintetizou assim: “Portugal ocupava o fundo da tabela nos relatórios anteriores e desta vez aproximou-se da média dos países da OCDE, ultrapassando por exemplo a Espanha”.
Andreas Schleicher sublinhou que Portugal obteve uma classificação de 489 pontos, próxima da média da OCDE, que é de 493 no relatório de 2009, agora apresentado.
O PISA avalia os conhecimentos e aptidões dos alunos em matemática, leitura e ciências. “O melhor resultado de Portugal no relatório de 2009, em relação ao de 2006, foi obtido na matemática”, explicou Andreas Schleicher que refere ainda que a melhoria de resultados “pode ser explicada em primeiro lugar pelas políticas seguidas nos últimos anos e por uma conjugação de factores como a avaliação de professores e um controlo sério da qualidade do ensino. Não se pode melhorar o que não se conhece”, explica o responsável da OCDE.
O relatório PISA revela também que “diminuiu o peso das repetições, cujo nível continua alto em Portugal”.
Portugal faz parte do grupo de países que no relatório PISA 2009 registaram melhorias significativas da sua nota geral, que inclui o Chile, Israel e Polónia.