Confesso que fui assaltado por um sentimento genuíno de alívio. Vinco o genuíno, porque o passado poderia supor o contrário: cresci politicamente cercado por um poder “asfixiante” do PSD, tendo como símbolo o Professor Aníbal Cavaco Silva, culminando no título atribuído ao distrito de Viseu de Cavaquistão. Tenho os Viseenses como gente com carácter e com lucidez, e não me passa pela cabeça questionar as escolhas que fizeram à data. Quis o destino - melhor para nós que para o próprio - que Cavaco Silva seja hoje o último reduto da esperança de que nem tudo está perdido. Ou seja, Cavaco é hoje um dos únicos políticos com experiência e capacidade para ajudar o País, na necessidade de um novo rumo com novas políticas, sem no entanto significar uma ruptura com o passado ou um salto no desconhecido.
O discurso é, em muitos aspectos, semelhante ao de há cinco anos, obviamente adaptado à realidade actual. Mais sólido, revelou certezas do rumo a seguir, deu garantias de estabilidade e previsibilidade, características que não abundam. E como é fundamental a previsibilidade nos tempos de hoje, numa altura em que a credibilidade dos políticos está pelas ruas da amargura - o que se percebe, tendo em conta as dificuldades e a consequente falta de fé dos Portugueses num futuro melhor, mas não deixa de ser injusto e inútil. Também por isso é melhor ter em Belém alguém que não invente, que não surpreenda, que não tenha dúvidas dos seus poderes, exercendo-os de forma rigorosa. Nas palavras do próprio, “Um presidente credível, fiável e leal “, discutindo os problemas pelo lado da solução, que conhece como ninguém os portugueses e os seus problemas, mantendo sempre a elevação e assertividade das funções que exerce e pretende exercer.
As escolhas dos seus representantes, quer as nacionais e, em particular, do nosso Distrito, foram acertadas. O discurso de apresentação, em Lisboa e no Porto, dão ainda mais conforto no apoio da candidatura: referências à família, à necessidade de um estado mais rigoroso e racional nos gastos, tendem Portugal como desígnio maior, às Forças Armadas, ao estado social, no que de bom se pode tirar dele, aproveitando a campanha para um gesto simbólico que, na essência, é mais que isso: não podermos continuar a gastar mais do que produzimos. Acertada, por isso, a decisão de reduzir os gastos de campanha. Não interessa se vem tarde: interessa que o exemplo se mantenha em futuras campanhas. Nos gastos e no financiamento das campanhas estão muitos dos vírus que minam a nossa democracia. Fica dado o exemplo; veremos o que acontece.
Concordo também com a promessa de mais intervenção, sempre nos limites dos poderes presidenciais, que outros confundem propositadamente, tentando assacar ao Presidente responsabilidades que não são suas. Foram muitos os alertas e avisos que Cavaco Silva foi fazendo relativos à situação nacional, dando pistas e soluções, mesmo que muitas vezes incómodas. Foram tidos em conta? Foram seguidos? Quase nunca. Quando assim é, a culpa está em quem não quer ouvir ou ver. Como diz o povo, “o pior cego é aquele que não quer ver”. É também a evidência do acerto dos avisos, e a postura atenta e responsável, que nos dão garantias para os desafios difíceis que o país vai enfrentar, justificando assim o voto em Cavaco Silva nas próximas eleições presidenciais.
Todos conhecem bem Cavaco Silva, sabem o que quer, conhecem o seu percurso, e respeitam a sua grande experiência e rigor. Talvez não seja empolgante, mas o momento é de serenidade, competência, respeito pelas instituições, distância dos jogos políticos e partidários. A magistratura activa de que precisamos não pode ser exercida por quem não conhecemos e não nos conhece. São muitas destas razões que exigem a eleição, de forma expressiva, de Cavaco Silva. É nisso que nos devemos empenhar.