Hélder Amaral Deputado do CDS-PP |
Convém, no novo ano que se aproxima, ouvir o que dizem os “opinadores” do regime nos noticiários, sempre dispostos a surfar a “onda do momento”, que é “a chegada do FMI”. O semanário de maior tiragem não se coibiu mesmo de lhe dar honras de primeira página, ainda que em jeito de pergunta, representado por um agente das forças especiais, armado de cutelo perante um coelho com olhar doente e assustado. As histórias que ouvimos até aqui, e que ouviremos de futuro, não deverão ser diferentes. Resta recusar o pessimismo reinante e perceber que a situação não é tão má como o mercado parece indicar. A união monetária e económica é, na sua base, uma união de vontades políticas, pelo que o seu bom funcionamento e preservação dependem de mais factores dos que os invocados até aqui. As maiores ou menores dificuldades que se anunciam no próximo ano dependem mais da habilidade dos governantes e da capacidade das empresas em sobreviver a um clima económico hostil. No fundo, estas não têm tido outro, com a burocracia e a carga fiscal no limite da resistência, e um sistema bancário egoísta.
Fundamental para evitar males maiores é, sem dúvida, um clima de confiança, e um combate ao pessimismos militante, por vezes mais grave que as taxas de juro. Este Povo foi capaz de grandes feitos, de construir um império, respeitado por muitos e temidos por outros, mas também capaz é de passar da euforia à depressão à velocidade da luz. O fado e o sebastianismo são actos de autoflagelação. A desilusão parece ser parte integrante do nosso espírito, visível no “isto é difícil “ ou no “mais ou menos”. É urgente mudar de vida, adoptar mais o ”yes, we can”, ser mais exigente com quem dirige - ou seja, mais amor próprio e pela Pátria.
É impressionante como os nossos principais defeitos são tão evidentes para os estrangeiros. Em entrevista recente, o embaixador do Reino Unido, Richard Ellis, diz coisas como “vocês não gostam do que têm de bom” (nada mais verdadeiro), ou ”uma reunião de trabalho em Portugal é um desastre, ninguém diz nada, é para inglês ver; depois, as pessoas abrem a porta saem e aí é que começa a reunião”. Nada mais certo e desesperante, pelo menos para quem já se curou desse mal. Curioso é que não é a primeira vez que este amigo de Portugal e dos portugueses se desfaz em elogios entre alertas, como aquele em que estranhava o facto de em Portugal sempre que assistia a uma cerimónia com discursos, demorarem mais tempo a cumprimentar as pessoas que todos sabem que estão na sala do que a transmitir a mensagem.
Que 2011 sirva para corrigir os nossos defeitos e potenciar as nossas virtudes, que são imensas. Tenho a certeza que este é mais um desafio para superar. Que o próximo ano seja cheio de sucesso para todos.