Hélder Amaral Deputado do CDS-PP |
O PS, com suspeição ideológica, ou mesmo com preconceito (felizmente não partilhados por tantos que se mantêm fiéis à sua herança religiosa), tem feito um ataque velado às instituições que mais podem fazer para uma maior participação dos que querem dar um pouco de si. Foi assim com o devolução do IVA, é assim com o Código Contributivo, que aumenta as prestações sociais para IPSS e outras associações de 20,6 para 33,3%. Numa altura de grave crise económica e social, é importante fortalecer este sector, dar-lhe mais condições e melhorar a sua eficácia, tanto aos voluntários em si como às organizações e instituições. São elas, muitas vezes, as que prestam a primeira e decisiva ajuda. Para quem é profundamente humanista e personalista, o voluntariado é uma forma imprescindível de participação e de realização da cidadania - uma pessoa só se realiza plenamente na sua relação as outras pessoas. A vontade de dar sem receber nada em troca, a sã vontade de combater o sofrimento de quem pode menos, faz do voluntariado um factor de humanização, de realização pessoal e de coesão social.
O voluntariado constitui uma estratégia de envolvimento cívico e, tal como outras formas de participação, promove valores democráticos, como a tolerância e o amor ao próximo. O trabalho de Voluntariado é, assim, um espaço de cidadania. Importa, por isso, promover o voluntariado sénior, aproveitando a experiência e o tempo disponível de quem está aposentado, e, por outro lado, o natural voluntarismo da juventude. A lei define com clareza o conceito de voluntariado como o conjunto de acções de interesse social e comunitário, realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos, programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, famílias e comunidade, desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades públicas ou privadas. Fica a faltar a inquietação interior de cada um, e talvez encontrar incentivos, nomeadamente em benefícios fiscais - tal como acontece com as empresas -, fundamental para um voluntariado de profissões liberais: uma consulta médica, apoio jurídico, gestão e consultadoria, entre outros. Ou seja, dar de boa vontade, ajudar quem ajuda e ser, por isso, ajudado.
É possível e desejável um programa de voluntariado que vá para lá do voluntariado individual. Ele pode ser pensado para toda a sociedade, também numa perspectiva da empresa. A iniciativa de voluntariado no seio de uma empresa, deve ser levada de forma séria: beneficia a instituição apoiada, e beneficia claramente a empresa, com uma imagem institucional positiva. Finalmente, as organizações sem fins lucrativos têm que se preparar para o voluntariado. Têm de ponderar que apoios necessitam para aliciarem as pessoas certas; têm que as saber seleccionar; têm que gerir a relação, por vezes tensa, entre os voluntários e os colaboradores remunerados da organização. Acima de tudo, o mais importante é evitar que o Voluntariado seja apenas uma referência num qualquer calendário, mas antes uma resposta a um confronto com a realidade, a luta por um ideal, ao comprometimento por uma causa, como escrevia Séneca. Dar de boa vontade é dar duas vezes.