Hélder Amaral Deputado do CDS-PP |
Bem sei que muitos vão querer ler que o discurso do Presidente é um convite à manifestação “Geração à rasca”. Não acho. O discurso foi um convite ao trabalho, ao arregaçar de mangas, ou seja, muito longe de muitos jovens dos “parvos” e “à rasca”, que reclamam subsídios e não uma maior reforma para os seus avós, reclamam emprego estável em vez de trabalho, reclamam vínculo em vez de oportunidade, reclamam melhores condições de trabalho em vez de melhores condições para o empreendedorismo. Sabem, mas fazem de conta que não, que Portugal tem a legislação laboral mais marcada do ponto de vista ideológico, ao contrário dos nossos concorrentes; leis rígidas que impedem a reestruturação das empresas, quaisquer que sejam os motivos, dificultando o empreendedorismo. Por isso, o mérito é ignorado - nas empresas privadas e principalmente nas públicas, onde as promoções são automáticas e, por regra, por antiguidade. É contra isso que se devem convocar os nossos jovens, pelo menos os que não querem depender do Estado, dos pais ou de um cartão de militante de um partido político. Ou seja, que não sejam parvos para não ficarem à rasca.
O País e as famílias investiram como nunca nesta geração. Multiplicaram-se pelo País universidades e institutos, e aos jovens bastava escolher bem o curso, resistindo à tentação dos mais fáceis - a qualidade e excelência em detrimento do canudo fácil. Para evitar ser “parvo” ou ficar “à rasca” é necessário não pedir o mesmo que os nossos pais. O tempo é de dificuldade, e precisa de esforço, coragem e trabalho. Esta geração de jovens, hoje com melhor formação e mais informação, não deve acomodar-se. Lamento o que se passou numa reunião do PS na nossa cidade, um atropelo parvo ao direito constitucional de reunião, de associação e de participação política. Há que resistir às modas e à manipulação. Espera-se sentido critico. Espanta-me a facilidade que uma letra de um magnifico grupo musical, os Deolinda - “parva que sou” -, se tenha tornado, na opinião de alguns, o hino de uma geração, mesmo que a maioria desconheça a letra da música. Para um jovem do tipo “esperto que sou” bastará ouvi-la, com a distância útil com que se deve ouvir música, e até pode ser dos “Deolinda”, cujo estilo aprecio. A interpretação é subjectiva, mas ainda assim eu prefiro outra parte de uma das músicas mais conhecidas do grupo: “Agora sim, damos a volta a isto! Agora sim, há pernas para andar! Agora sim, eu sinto o optimismo! Vamos em frente, ninguém nos vai parar!”. É verdade que a mesma letra arranja desculpas: “Agora não que é hora do almoço! (…) Agora não que me dói a barriga… Agora não, que joga o Benfica… e eu tenho mais que fazer…”. Mas ainda assim diz “vão sem mim, que eu vou lá ter…”. É o que importa: ir, mesmo que mais tarde.
Esta geração tem tudo para vencer, desde que recuse rótulos e fatalismos. Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo. Não se acomodem, nem se resignem: sonhem mais alto.