Acácio Pinto Deputado do PS |
Passos Coelho tem que dizer objectivamente, tem que falar com clareza, tem que ser preciso e concreto no programa de governo que vai ter que apresentar. Não lhe bastará atirar para o ar uns princípios gerais, umas ideias vagas, uns pensamentos indecifráveis. Nós vamos querer saber onde vai buscar o dinheiro que precisa, onde vai cortar, que mais impostos vai aumentar (o IVA já sabemos que vai para 25%), que mais vai privatizar para além da CGD!
Ou seja, chegou a hora da verdade.
E quanto ao FMI, esse parceiro internacional de que ele tanto gosta e que já elegeu para seu aliado de governo, ao dizer que governaria com o FMI, é bom que perceba que, se ganhar, tem que ser ele a convidá-lo para se sentar à mesa do Conselho de Ministros. Está claro, depois de o apresentar em Belém.
Não adianta, pois, dizer que não se opõe a que o actual governo de gestão negoceie a entrada do FMI, não adianta fazer coro com outras vozes da beira Tejo dizendo que o governo de gestão tem essa legitimidade!
Não, não tem. Um governo de gestão é para gerir assuntos correntes, não é para assumir compromissos internacionais a médio prazo quando esse desiderato, ainda por cima, não corresponde às opções estratégicas e ao pensamento político de José Sócrates e do PS.
Esse problema, previsível, do agravamento da situação económica de Portugal, deveria ter sido devidamente ponderado por toda a oposição antes do chumbo do PEC IV.
É que se quisermos, hoje, falar em legitimidade, chegamos à conclusão de que só o Presidente da República, esse sim, tem toda a legitimidade política para exercer a sua plena magistratura… E os portugueses irão estar bem atentos às suas decisões. Aliás, já têm estado desde a sua tomada de posse, desde o dia 9 de Março!
E os portugueses, também, já perceberam muita coisa. Já todos compreendemos onde radicam as culpas deste delicadíssimo momento que Portugal atravessa. Já se percebeu, bem, que a oposição se bateu, tão só, por interesses internos, interesses partidários, por interesses mesquinhos de mera táctica eleitoral. Nem por uma só vez quiseram saber do agravamento do financiamento internacional de Portugal, do sistema bancário, do equilíbrio das contas públicas, do controlo do défice, da PME’s, afinal, de Portugal e dos portugueses.
Fica bem objectivado que as pessoas já começam a perceber a suprema hipocrisia política de quem inviabilizou uma solução de estabilização de Portugal no quadro da União Europeia e agora diz que dará o seu aval à ajuda externa.
Apresentar medidas é que não é com eles!
Fiquem com uma certeza: Não passarão por entre as pingas da chuva! Têm que falar!