Acácio Pinto Deputado do PS |
Bem sabemos que os tempos são difíceis, com a crise, agora, a ser internacional para o PSD e CDS, quando até há pouco tempo era só portuguesa, e que, portanto, tem que haver medidas de equilíbrio das contas públicas. Mas temos que começar pelas gorduras do estado, temos que ir às despesas redundantes, como diziam Passos e Portas quando na oposição.
Porém o que vemos, são PEC, atrás de PEC, já bem mais do que os III do Governo anterior, pois o IV foi chumbado, e sempre no mesmo sentido. Lembro três dos mais gravosos em escassos dois meses: a sobretaxa de 50% sobre o subsídio de natal; o aumento de 17%, já para este ano, do IVA do gás e da electricidade; o aumento dos transportes em mais de 15%.
Com todos estes PEC os portugueses têm levado em cima, por parte daqueles que se queixavam do excesso do PEC IV.
E convenhamos que se nota um grande beneplácito presidencial a todas estas medidas. Precisamente o beneplácito daquele que dizia no dia 9 de Março que tinha que haver limites para os sacrifícios que se pedem aos portugueses.
E que dizer de uma tal “venda” do BPN a Mira Amaral? Daquele banco que uns quantos, ligados como bem sabemos aos governos do PSD e a Cavaco, levaram à falência e onde o estado se viu obrigado a injectar, que se saiba, mais de 2,5 milhões de euros? Aquele banco cujas acções, de titulares bem conhecidos, se valorizaram numa certa altura mais de 140%?
Pois, agora, qual comissão liquidatária, como bem disse Manuel António Pina numa sua recente crónica no JN, este Governo desfez-se do BPN a preço de saldo. Ou melhor capitalizou-o com centenas de milhões de euros, assumiu as indemnizações dos trabalhadores a despedir e em troca recebeu, o que?, 4 dezenas de milhões de euros.
Os exemplos das contradições e dos descaminhos que as coisas começam a levar são muitos, mesmo muitos e não nos restará outra solução que não seja a de uma apertada vigilância a tais comportamentos que não enobrecem, por profunda incoerência, os seus actores.
A legitimidade eleitoral justifica muita coisa mas não justifica tudo. Muito menos justifica esta constante e permanente deriva de ataque sempre aos rendimentos do trabalho e não aos rendimentos financeiros que, na primeira oportunidade, o governo decidiu, também, não taxar.