Acácio Pinto Deputado do PS |
Aquilo que ontem, na oposição, eram cortes na despesa, aquilo que eram necessários e urgentes emagrecimentos do estado, passaram rapidamente para cortes na carteira dos contribuintes através de significativos e permanentes aumentos dos impostos e dos serviços.
De cada vez que o primeiro-ministro ou o ministro das finanças falam é só para lançar um imposto novo ou o aumento de um existente. Seja na sobretaxa que vai subtrair 50% do subsídio de natal aos trabalhadores portugueses, seja no aumento do IVA da electricidade e do gás, ou seja no exponencial aumento dos transportes, ou ainda no corte de reembolsos de despesas de saúde há uma conjugação diabólica, sempre, no sentido de penalizar os mesmos, os contribuintes e, sobretudo, aqueles que não vivem dos dividendos financeiros, uma vez que essas mais-valias ficaram de fora de tributação extraordinária.
E essa obstinação é tanta que não há um sinal, um sinal sequer, de abertura a propostas alternativas do PS, como por exemplo a de aumentar a tributação das empresas mais lucrativas para aliviar o aumento do IVA na electricidade e gás.
Sempre se poderia dizer que esta linha política tem acolhimento no memorando da troika que foi assinado pelo estado português e ao qual o PS também está vinculado. Mas nada disso. O que se tem vindo a fazer é de ir para além do memorando e por esta via penalizar os trabalhadores e paralisar a economia.
E a deriva começa a ser global e os sinais em todos os sectores em nada nos sossegam.
Na educação ainda não se encontrou o rumo e o início do ano lectivo está com os problemas pedagógicos e de recursos humanos que bem sabemos. Na saúde começou o ataque ao SNS através de cortes sucessivos aos reembolsos de tratamentos. Na economia não se conhece uma medida concreta e um estímulo, sequer, ao aumento da produtividade e da exportação.
Enfim, se ainda é cedo para uma avaliação consistente do actual governo, há já sinais muito preocupantes com que estamos confrontados e que deixam bem clara a sede deste governo, PSD e CDS, de ataque aos rendimentos do trabalho em detrimento do favorecimento dos rendimentos financeiros.