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Hélder Amaral: «Rosas & Punhos»
sexta-feira, 16 de setembro de 2011 Publicado por Unknown

Hélder Amaral
Deputado do CDS-PP
Decorreu no passado fim de semana o Congresso do Partido Socialista. Finalmente o PS, partido indispensável à democracia portuguesa, arrumou a casa. Sem querer imiscuir-me na vida interna de outro partido, o que nunca fiz nem farei, não posso deixar de notar que se tratou de um Congresso dualista: de afectos e amnésia colectiva. De afectos, porque saiu do Congresso um PS que dá a ideia de ser mais simpático e mais tolerante; amnésico, porque apesar dos rostos serem os mesmos do Governo anterior, não se ouviu uma referência digna de nota sobre os erros do passado. A governação socialista foi má, muita má, conduziu o país à pré-bancarrota, mas se o PS julga que trocando a “rosa” do tempo de Guterres e Sócrates pelo “punho” ou pelo slogan de Guterres (“as pessoas primeiro”) muda alguma coisa, está enganado; desde logo porque os tempos de Guterres não deixaram saudades.

Mas para reavivar a memória de socialistas - e não só -, vamos a alguns factos. O líder do PS apresentou algumas propostas, uma delas a criação de um imposto extraordinário de 3,5% sobre as empresas com lucros anuais acima de 2 milhões de euros. Precisamente aquelas empresas que estão em condições de reinvestir na sua actividade e de criarem novos postos de trabalho.

Às segundas, quartas e sextas, reclamam contra o aumento de impostos, às terças, quintas e sábados propõem novos impostos.

Seguro anunciou ainda que vai entregar na Assembleia de República um Projecto-Lei que, a ser aprovado, permitiria a redução do IVA sobre o gás e electricidade, através da revisão dos subsídios dados às empresas que produzem electricidade através de co-geração. Ora, o aumento do IVA na electricidade e no gás consta do memorando da Troika que o PS assinou, e a revisão dos subsídios dados às empresas que produzem electricidade através de co-geração, que Seguro tenta fazer passar como sua ideia, também consta do memorando da Troika em acréscimo, e não em substituição do aumento do IVA sobre a electricidade e gás. O que Seguro está a tentar passar é uma falácia.

António José Seguro afirmou no Congresso que "a austeridade destrói a classe média". Confunde a causa com a consequência. A austeridade é apenas consequência da governação do seu partido. Não fossem os seis anos de regabofe socialista, durante os quais conseguiu duplicar a dívida pública, as medidas de austeridade não seriam necessárias. Os Portugueses podem agradecer ao PS os aumentos de impostos (que não começaram agora, começaram no PEC1, continuaram no PEC2, PEC3 e agora iríamos no PEC8 ou PEC9). O PS ateou o fogo, e agora tem a atitude hipócrita de se queixar do calor.

O governo de Sócrates aumentou a dívida pública em mais de 27 milhões por dia durante os seis da sua governação, incluindo fins-de-semana e feriados. Tudo isso tem agora que ser pago com juros.

Ano
Dívida Pública (mil milhões euros)
Dívida Pública (percentagem PIB)
Défice (percentagem PIB)
2005
96 468,80
62,8 %
5,9 %
2006
102.440,50
63,9 %
4,1 %
2007
115.587,00
68,3 %
3,1 %
2008
123.108,00
71,6 %
3,5 %
2009
139.945,00
83,0 %
10,1 %
2010
160.470,00
93,0 %
9,1 %


No seu discurso, o PS não reconhece os muitos erros cometidos, que conduziram o País à ruína financeira. Mas se a nível do discurso não assume culpas nem mostra arrependimento, a verdade é que já iniciou um processo de distanciamento do passado, mudando desde logo o símbolo.

Os Deputados socialistas de Viseu, imbuídos neste mesmo espírito, vieram perguntar por obra que prometeram e não foram capazes de fazer, segundo noticias desta semana (“Os deputados do PS eleitos por Viseu querem saber se o Governo vai concluir o processo conducente ao início da construção do IC37 ouvindo a opinião da autarquia sobre o traçado definitivo e em caso afirmativo, para quando prevê o Governo o início dos trabalhos nesta região do interior”). Podem pedir que o Governo faça uma obra cuja utilidade é evidente, mas em nome da coerência podiam explicar aos viseenses porque razão não foram capazes de a fazer nos últimos seis anos.

Unknown

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