Hélder Amaral Deputado do CDS-PP |
Mas para reavivar a memória de socialistas - e não só -, vamos a alguns factos. O líder do PS apresentou algumas propostas, uma delas a criação de um imposto extraordinário de 3,5% sobre as empresas com lucros anuais acima de 2 milhões de euros. Precisamente aquelas empresas que estão em condições de reinvestir na sua actividade e de criarem novos postos de trabalho.
Às segundas, quartas e sextas, reclamam contra o aumento de impostos, às terças, quintas e sábados propõem novos impostos.
Seguro anunciou ainda que vai entregar na Assembleia de República um Projecto-Lei que, a ser aprovado, permitiria a redução do IVA sobre o gás e electricidade, através da revisão dos subsídios dados às empresas que produzem electricidade através de co-geração. Ora, o aumento do IVA na electricidade e no gás consta do memorando da Troika que o PS assinou, e a revisão dos subsídios dados às empresas que produzem electricidade através de co-geração, que Seguro tenta fazer passar como sua ideia, também consta do memorando da Troika em acréscimo, e não em substituição do aumento do IVA sobre a electricidade e gás. O que Seguro está a tentar passar é uma falácia.
António José Seguro afirmou no Congresso que "a austeridade destrói a classe média". Confunde a causa com a consequência. A austeridade é apenas consequência da governação do seu partido. Não fossem os seis anos de regabofe socialista, durante os quais conseguiu duplicar a dívida pública, as medidas de austeridade não seriam necessárias. Os Portugueses podem agradecer ao PS os aumentos de impostos (que não começaram agora, começaram no PEC1, continuaram no PEC2, PEC3 e agora iríamos no PEC8 ou PEC9). O PS ateou o fogo, e agora tem a atitude hipócrita de se queixar do calor.
O governo de Sócrates aumentou a dívida pública em mais de 27 milhões por dia durante os seis da sua governação, incluindo fins-de-semana e feriados. Tudo isso tem agora que ser pago com juros.
Ano
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Dívida Pública (mil milhões euros)
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Dívida Pública (percentagem PIB)
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Défice (percentagem PIB)
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2005
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96 468,80
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62,8 %
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5,9 %
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2006
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102.440,50
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63,9 %
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4,1 %
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2007
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115.587,00
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68,3 %
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3,1 %
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2008
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123.108,00
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71,6 %
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3,5 %
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2009
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139.945,00
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83,0 %
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10,1 %
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2010
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160.470,00
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93,0 %
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9,1 %
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No seu discurso, o PS não reconhece os muitos erros cometidos, que conduziram o País à ruína financeira. Mas se a nível do discurso não assume culpas nem mostra arrependimento, a verdade é que já iniciou um processo de distanciamento do passado, mudando desde logo o símbolo.
Os Deputados socialistas de Viseu, imbuídos neste mesmo espírito, vieram perguntar por obra que prometeram e não foram capazes de fazer, segundo noticias desta semana (“Os deputados do PS eleitos por Viseu querem saber se o Governo vai concluir o processo conducente ao início da construção do IC37 ouvindo a opinião da autarquia sobre o traçado definitivo e em caso afirmativo, para quando prevê o Governo o início dos trabalhos nesta região do interior”). Podem pedir que o Governo faça uma obra cuja utilidade é evidente, mas em nome da coerência podiam explicar aos viseenses porque razão não foram capazes de a fazer nos últimos seis anos.