Dr. António Almeida Henriques Secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional |
Duas ideias fundamentaram a valorização, e a aposta para Portugal, numa economia baseada no crescimento dos serviços:
- Sendo um sector não transacionável, em que a concorrência internacional não se fazia sentir, oferecia a possibilidade de emprego melhor remunerado e mais sustentável;
- A “desqualificação” da mão-de-obra industrial gera não só postos de trabalho mal remunerados como também incentiva a deslocalização da indústria para economias menos desenvolvidas e onde os ordenados são ainda mais baixos, o período de trabalho mais extenso e os despedimentos feitos de forma muitíssimo flexível.
Como consequência, iniciou-se um ciclo de quebras reais de investimento na actividade industrial. E essa aposta fez com que laborássemos num equívoco pelo qual, hoje, estamos a pagar muito caro.
De facto, o comportamento negativo do crescimento do PIB e do Produto Potencial da última década estão correlacionados com o desinvestimento na indústria.
Há vinte anos atrás, acreditava-se que a terciarização da economia era um sinal de inequívoco desenvolvimento. Actualmente percebemos que, afinal, é exactamente o contrário. Estudos recentes mostram que, nos países da OCDE, a indústria é responsável, não só, por 85% da Investigação e Desenvolvimento, como também por 83% dos ganhos de produtividade e 80% das exportações.
Hoje temos uma certeza: para recuperar a vitalidade da economia, é fundamental colocar a indústria no coração das políticas económicas, como um motor do crescimento.
A reindustrialização do país é um importante objectivo deste Governo.
Estamos a trabalhar por isso. E para isso.