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Hélder Amaral: «Arrepiar Caminho»
sexta-feira, 14 de outubro de 2011 Publicado por Unknown

Hélder Amaral
Deputado do CDS-PP
O Primeiro Ministro avisou que o Governo irá apresentar o Orçamento mais difícil, o mais duro de que há memória, um orçamento que recuará aos pressupostos de 2007. Convém que cada um de nós – famílias, empresas e Estado - saiba perceber que o ano de 2012 vai ser um pesadelo. O Primeiro-ministro é de um realismo impressionante, e por isso é preciso levar muito a sério o que nos vai dizendo. Sobre o orçamento, teremos tempo de o analisar, mas há coisas que podemos começar já a mudar. Se é certo que já pouco depende de nós, cabe-nos aprender a viver com menos, a consumir menos e melhor, a trabalhar mais e melhor. Visitei a Casa do Aido, exploração agropecuária em Carvalhais, São Pedro do Sul, uma PME familiar que se modernizou mas que se mantém fiel às tradições locais; tudo o que produz é biológico (forma moderna de dizer à moda antiga). Falta agora o consumidor perceber que consumir o que produzimos faz bem a saúde e à economia nacional. A austeridade veio para ficar. Por quanto tempo, depende em muito de cada um de nós.

O Presidente da República preveniu para a necessidade de se promover o crescimento económico, alertando que a consequência da ausência desse crescimento económico será mais ajuda externa, que na prática significa mais sacrifícios. O que nos diz o Presidente da República é que este pacote de auxílio é uma oportunidade que deve ser aproveitada para mudar quase tudo: na forma como gastamos, mas principalmente na forma pouco transparente como o Estado gasta. Os “buracos” são cada vez mais fundos - foi assim com a Madeira, é assim cada vez que se analisa cada sector da administração. Veja-se o que se passa nas empresas públicas de transportes, e falta ainda saber qual a dimensão do buraco nas Autarquias e nos Hospitais. O crescimento económico é talvez a equação mais difícil de resolver; por isso tardam soluções. Não me parece que faltem mais subsídios - que ajudam as pessoas a comer, a vestir e a pagar a renda da casa, mas deixa-as dependentes; ou seja, os subsídios resolvem a privação, mas não torna as pessoas auto-suficientes. Pede-se por isso maior qualificação das pessoas, e mais incentivos para a criação do seu próprio emprego. Às vezes as soluções são mais simples e encontram-se mais próximas do que se imagina.

Madeira: O CDS teve na Madeira um resultado que obriga a reflexões profundas. Partidariamente, é o culminar de um longo trabalho de resistência às piores formas de caciquismo, “amiguismo”, “boyismo”, entre outros “ismos”; para o CDS, resta continuar a trabalhar com humildade e com a responsabilidade que o resultado ditou. Mas o mais relevante é ver que pelo menos numa parte do País acabou o “centrão”: o poder e a oposição não se resumem ao PS e PSD. Os eleitores da Madeira deram ainda um outro sinal ao País: há modelos de governação que merecem ser repensados. Não sou um visitante frequente da Madeira; visitei a ilha aquando das últimas Jornadas Parlamentares, e a anterior visita, bastante completa, foi há mais de dez anos. Encontrei uma ilha com transformações profundas: já não se contam as curvas do aeroporto a cidade do Funchal, já não precisamos de recear conduzir em estradas estreitas cheias de buracos e curva e contra curva: agora são vias rápidas, e túneis e mais túneis sem portagens. Diz o seu Presidente que os Madeirenses só aceitam fazer os sacrifícios impostos no Continente; podem por isso começar por pagar portagens. As rotundas são de fazer inveja a qualquer Viseense, bem arranjadas e floridas; teleféricos, marinas, parques aquáticos, tudo digno do primeiro mundo. O único problema é que se esqueceram de pagar… Mas vamos perceber todos, muito em breve, quanto custa a irresponsabilidade.

Unknown

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