António Almeida Henriques Secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional |
Década após década, este tem sido o elo que nos manteve juntos há mais de 50 anos e que convenceu cada uma das nossas comunidades nacionais a aceitar restrições em troca dos benefícios esperados.
A mais recente decisão da Grécia, a de referendar o novo pacote de medidas de resgate, aprovadas na cimeira da passada semana, parece em tese acertada e democrática. De facto, os Governos futuros da Grécia ficam muito limitados em termos políticos o que, ao longo dos próximos anos, representa uma perda efectiva de soberania e neste aspecto todos estamos de acordo sobre a necessidade de se obter um amplo consenso nacional neste ponto.
Contudo, colocar nas mãos dos cidadãos Gregos uma decisão que ultrapassa largamente as fronteiras do seu território e alastra consequências catastróficas para outros Estados-membros em particular e para o futuro do euro em geral, revelou-se num acto irresponsável e num grave falta de compromisso com as soluções encontradas na última cimeira.
É verdade que a Europa enfrenta um conjunto de obstáculos com os quais nunca antes se deparara e a dificuldade que está a ter em ultrapassa-los tem gerado desconfiança na resistência e no futuro da construção Europeia. O desmantelamento Europa não é uma opção para lidar melhor com o desconhecido e os desafios subjacentes. Pelo contrário: ser livre, mas também isolado e mais fraco, deixaria cada um de nós à mercê do resto do mundo. Preferível? Creio que não.