António Almeida Henriques Secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional |
Não espanta, portanto, que a agenda reformista deste Governo, a qual promete não deixar de fora nenhum sector e pretende ser a mais profunda reforma depois de tantas outras prometidas e permanentemente adiadas, esteja a sofrer uma ampla contestação de vários sectores da sociedade portuguesa.
Porém, todos sabemos que foi pelo acumular de benesses e benefícios que aqui chegamos. E foi de tal forma que, nos últimos anos, em média, por cada 3 euros que um português entregou ao estado, recebeu 10 em subvenções, pagamentos ou serviços.
Hoje, já nem há espaço para divergências de opiniões ideológicas. É, antes, a hora do pragmatismo, de por termo a um Estado que gasta, sistematicamente, o que não tem.
Mas é nestes momentos, quando há a coragem de se enfrentar os interesses instalados, que surge a contestação. Apesar de tudo, este Governo tem dado provas de estar disponível e preparado. O diálogo e a negociação são desejáveis numa democracia saudável, embora haja na sociedade quem continue a cultivar a ilusão de que é possível partir para uma negociação sem qualquer disposição para ceder ou apresentar uma conta-partida, uma alternativa.
É uma opção igualmente válida em democracia, mas isso constitui uma tomada de posição que se pretende transmitir ou vincar, não é uma negociação. E cada uma delas tem o seu palco e não devem ser confundidas.
Não confundimos, por isso, contestação social com propaganda política, nem vai este Governo inverter o caminho ora por taticismo de curto prazo, ora por receio de corporações ou sindicatos. A nossa política tem esta missão. Tem uma visão de ideal e um caminho para lá chegar. Isso está a ser feito, em sã convivência com a contestação social, mas sem margem para voltar aos “sistemas” do passado.