António Almeida Henriques
Secretário de Estado Adjunto
da Economia e Desenvolvimento Regional
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2012 parece nascer sob maus presságios. É anunciado como um ano difícil. E sê-lo-á, de facto, para as famílias, as empresas, os municípios, o Estado. Em suma, para todos. Mas é também nas provas mais exigentes que o melhor de nós vem ao de cima, que nos confrontamos com os nossos limites e somos desafiados a superá-los. Isto é tão válido para o país, como para cada um, individualmente.
É sensível já o cansaço dos portugueses com a palavra “crise”, mas a realidade europeia e mundial em 2012 poderá impedir-nos de substituí-la tão rapidamente quanto desejaríamos. Haverá, ainda assim, sinais de esperança?
Ensina – e bem - a sabedoria popular que “a necessidade aguça o engenho”. O país passou, noutros momentos da sua história, por desafios muito rigorosos e soube vencê-los. A coragem, a capacidade de adaptação e um singular sentido de solidariedade (particularmente importante em momentos de carências) fazem parte da nossa identidade, aquilo que nos fez enquanto povo. Este é o tempo para resgatá-la. Os leitores, originários ou residentes desta região, sabem bem do que falo.
Permito-me neste diálogo assinalar dois factos recentes, um no plano nacional, outro no plano regional, que nos podem inspirar expectativa e confiança.
O primeiro respeita à parceria celebrada há dias entre a EDP e a China Three Gorges. Pondo de lado medos atávicos sem sentido, este acontecimento deve orgulhar-nos, valoriza muito a reputação global de Portugal (num momento decisivo) e abre portas a outros ativos nacionais, incluindo pequenas e médias empresas.
O segundo está relacionado com os números agora divulgados da execução dos fundos comunitários nas regiões portuguesas. O segundo semestre do ano de 2011 revelou uma aceleração de 40 por cento dos financiamentos pagos, face aos primeiros seis meses do ano. O nível médio mensal de transferências para a economia subiu, assim, de 137 para 200 milhões de Euros. Estes saltos (assinaláveis) traduzem dois sinais muito positivos: de vitalidade das empresas e das regiões, por um lado; de maior agilidade e compromisso do país na gestão e aplicação responsáveis das ajudas europeias.
Temos um caminho pela frente em 2012. Percorramo-lo com coragem e determinação.