À época, o Governo de então reconhecia as potencialidades turísticas da região duriense, reafirmava, de forma inequívoca, a especificidade daquele território, outorgando-lhe a sua própria “carta de identidade e de autonomia turística”.
Desde então, o Douro subiu para um patamar de reconhecimento a nível nacional (atestado pelas insígnias conquistadas – como paisagem natural preferida dos portugueses), como marca forte, destino de excelência, estando a desenvolver-se um trabalho por entidades privadas e públicas, cada vez em maior concertação, para levar este destino turístico ao patamar de excelência mundial.
Os números são claros e elucidativos.
Melhorou-se e qualificou-se a oferta. A nível de hotelaria, o Douro possui agora 3 hotéis de 5 estrelas, 10 de 4 estrelas e 5 de 3 estrelas, estando em construção, mais quatro hotéis. Possui hoje em unidades hoteleiras e em estabelecimentos turísticos em espaço rural (ETER) cerca de 3200 camas. Melhorou de igual modo na oferta da restauração.
Por sua vez, o turismo fluvial continua a crescer, prevendo-se que mais 4 barcos-hotel estejam a operar nos próximos anos. Em 2010, houve cerca de 100 mil dormidas neste tipo de cruzeiro, em que mais de 90% eram turistas estrangeiros.
Também na oferta a nível de eventos se melhorou significativamente, desde logo na organização de eventos-âncora, como o Douro Film Harvest, a Bienal Internacional da Gravura, a Meia Maratona do Douro Vinhateiro, para referir eventos de cariz internacional, organizados por entidades diversas, mas que têm dado um importante impulso à notoriedade do destino. O Douro ofereceu ao país concertos únicos e iniciativas culturais de grande relevo, nomeadamente, através dos Museus do Douro e do Côa, tendo este último possibilitado uma nova dinâmica ao Parque Arqueológico do Vale do Côa.
O Douro detém um conjunto significativo de insígnias:
- Primeira região vinhateira demarcada e regulamentada do mundo;
- Património da Humanidade – Alto Douro Vinhateiro e Gravuras do Vale do Côa, na classificação da UNESCO;
- Destino turístico de excelência, pela OMT;
- Sétimo destino turístico sustentável, entre 133, pela National Geographic Society;
- Uma das 77 Maravilhas da Natureza a nível mundial, em votação a nível mundial, via internet.
- Possui vários equipamentos, nomeadamente, de enoturismo, com a chancela de arquitetos de reputação mundial, alguns deles, Prémio Pritzker.
As características do destino e a promoção que se tem realizado conduziram a uma clara melhoria das taxas de ocupação hoteleira. Números do Turismo de Portugal relativos a Novembro último indicam uma ocupação média acumulada por quarto de 41,1% durante a semana, e de 47,8% ao fim de semana. Em 2011, no Carnaval, na Páscoa e na passagem de ano, as unidades hoteleiras obtiveram elevadas taxas de ocupação, quando não atingiram os 100%. O Douro está a contribuir para o crescimento dos fluxos turísticos do mercado brasileiro, que, progressivamente, tem vindo a descobrir este destino.
O trabalho que continua a desenvolver-se, aproveitando bem os recursos financeiros que o QREN proporciona para a execução do Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro, não pode sofrer atrasos, porque é o país que sairá prejudicado. Acresce que foi há poucos dias apresentado o Guia Turístico da Natureza do Douro, prevendo-se para breve a apresentação do Guia Turístico. Foi apresentado já o Estudo de Mercado e o Plano de Marketing da Rede das Aldeias Vinhateiras. Está a ser elaborado o Plano de Marketing do Douro e iniciaram-se os trabalhos para a criação da Rede de Centros de Informação Turística.
Deve acrescentar-se que o Pólo de Desenvolvimento Turístico do Douro coincide com um território do interior do país, de monocultura da vinha, que sofre de maneira acentuada as oscilações do mercado, nomeadamente, do Vinho do Porto, com consequências sociais e económicas gravosas. O turismo, e a sua ligação ao Vinho do Porto, pode constituir um bom complemento à atividade económica da região. A capacidade de atração do Douro demonstra bem o seu contributo para as exportações de serviços nesta área.
Pode, assim, perguntar-se se o país se pode dar ao luxo de dispensar o contributo de uma marca turística tão forte, como é a marca Douro, se pode menosprezar o seu contributo para a afirmação da marca Portugal, designadamente, por ser a região onde se produz o Vinho do Porto, se pode deitar a perder todo um trabalho realizado de forma articulada entre instituições do sector público e do sector privado, numa clara demonstração das vantagens das boas práticas da cooperação.
Assim, os Deputados do Partido Socialista eleitos pelos círculos eleitorais de Viseu (José Junqueiro, Elza Pais e Acácio Pinto) e de Vila Real (Pedro Silva Pereira e Rui Santos) irão questionar o governo sobre a decisão de acabar com o “Pólo de Turismo do Douro“ e desde já apelam a que os autarcas de toda a região, e deputados eleitos por outros partidos políticos, se associem ao PS na defesa deste serviço público.