Hélder Amaral Deputado do CDS-PP |
Muito se falará de austeridade, de desemprego, de falências, entre outras formas diferentes de dar a conhecer de forma avassaladora o significado da palavra “crise”. Acontece que a solução pode estar em cada um de nós, e menos nas políticas ou reformas do governo. Parece claro que reformas na acção do estado são necessárias como de pão para a boca, mas é também verdade que de nada servem reformas na saúde, educação ou justiça se os utentes e profissionais não fizerem um uso responsável dos serviços, ou se os profissionais não forem diligentes e proactivos. De nada servem reformas laborais, como aumentar o tempo de trabalho, se não melhorar de forma significativa a organização das empresas, a visão estratégica dos patrões e a capacidade de entrega dos trabalhadores. Se assim não for, a meia hora de trabalho será mais meia hora de trabalho improdutivo.
Organizar e modernizar parece ser a melhor resposta para um 2012 em grande. Acabaram-se as medidas extraordinárias: não há mais fundos, e as privatizações merecem ponderação. Por isso, o melhor progresso que podemos fazer é olhar para nós próprios. Não nos faltam produtos de qualidade, e não nos faltam condições naturais para vencer, sem depender de soluções que podem vir da Europa, de mercados emergentes ou de democracias mais ou menos evidentes. A resposta deve ser “o que é nacional é mesmo bom”. O meu desafio é para consumir e comprar no mercado local, sempre que possível produtos nacionais, e de preferência produção regional; divulgar junto de amigos, clientes e visitantes as maravilhas locais: produtos agrícolas, o património, as termas, a gastronomia, e a produção industrial. Espera-se que os dirigentes nos mais variados níveis possam ser práticos, possam pensar global e deixar o quintal de lado, pela simples razão que o mercado interno por si só não chega. É preciso criar marca e reconhecimento lá fora, porque depois de vencido o desafio interno, é na exportação que podemos marcar a diferença. A qualidade e excelência de cada um dos nossos produtos podem ser o nosso bilhete de saída da crise. Mas lá fora é preciso somar à qualidade quantidade: não teremos sucesso se, como acontece quase sempre, cada um se resumir ao seu quintal. O sector do vinho é um exemplo claro: não lhe falta qualidade, mas é quase impossível afirmar marca a marca, o que pode ser diferente se for visto como marca “vinhos de Portugal”, como por exemplo se fez no Brasil com o “café do Brasil”, onde, na verdade, há mais café que “escolas de samba”. Ou seja, para ser grande lá fora é preciso ser unido cá dentro.
Ter uma agenda para o crescimento económico e emprego pode não ser suficiente se o crescimento não existir na agenda de cada um dos portugueses. O tempo do estado financiador e orientador do crescimento económico tem que mudar, porque quando o estado o fez, a coisa não correu bem. Foi essa a estratégia do PS, e o resultado é que a dívida pública passou de 68% para 100%. Gastou-se muito e mal. Esgotou-se o crédito. Agora, sem crédito não há liquidez, e sem liquidez não há crescimento económico. Mais uma vez a solução está mais perto do que se julga: não é o regresso ao passado, é antes aproveitar melhor o que temos.
O nosso distrito é um dos que reúne melhores condições de sucesso, porque tem sabido preservar e valorizar os seus produtos endógenos, e certos sectores da economia intelectual e de inovação. Basta modernizar e organizar melhor 2012 para ser um ano de viragem - ou não. O sucesso depende em muito da acção de cada um de nós.