Duzentos metros à frente, junto à Praça D. Manuel de Castro, assistimos a uma pequena "batalha" entre uma das meninas "capuchinho vermelho" do grupo de Santa Leocádia e uma espectadora que assiste ao desfile. A primeira espalha farinha pela assistência e foge a correr; a senhora que assiste ao desfile responde com balões de água e corre com vitalidade atrás da rapariga, tentando acertar-lhe em cheio com mais uma das suas munições.
Pouco depois surge "a comitiva" de Loivos do Monte, que escolheu como tema no desfile deste ano a agricultura. Um dos seus elementos enverga um barrete vermelho de forcado e utiliza a sua capa, de igual cor, para fintar um dos touros pretos que acompanham o grupo.
Todos estes exemplos ilustram "a criatividade e a imaginação" das gentes baionenses, como referiu o presidente da Câmara de Baião, José Luís Carneiro. "A festa e a folia fazem parte da vida e é bom podermos celebrar o Entrudo em conjunto desta forma bonita", regozijou-se.
O desfile contou com a participação de grupos de dezenas de freguesias do concelho, representados pelas juntas de freguesia ou por grupos mais ou menos organizados, mas todos comungando de um assinalável colorido e animação. Os temas mais satirizados foram, como seria de esperar, a crise económica, a situação política do país - tendo como principal alvo os actores políticos -, mas também outros aspectos como a defesa do ambiente ou a valorização do património baionense. A festa culminou na Praça D. Manuel de Castro, onde o baile foi aberto pelo grupo musical "O Estaleiro" e a festa recebeu um colorido especial do grupo Dança Baião.
Quem se divertiu bastante com a festa foi Belmiro Madureira, de Vila Pouca (Santa Leocádia) que nos fala coberto de farinha e até com os olhos "irritados" por aquela substância. "Gosto do carnaval de Baião porque é muito alegre e animado. Não me importo nada de estar sujo, o carnaval é mesmo assim", sorri, junto da esposa Maria da Glória que vive o Entrudo em Baião pela primeira vez.
Risonhos estavam, também, mas por motivos diferentes, os quatro jovens estudantes da Secundária de Baião Zé Pedro, Luís, Paulo e Mário. Não estão disfarçados e confessam que vieram ver o desfile mais por causa das namoradas e amigas. "Não nos queríamos molhar ou sujar", diz um deles, admitindo, entre risos, que já tinham disparado uns quantos balões de água, enquanto se perdem no meio do público que assiste ao desfile.