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Hélder Amaral: «Desperdício Geral»
sábado, 31 de março de 2012 Publicado por Unknown

Hélder Amaral
Deputado do CDS-PP
Confesso que não encontrei nenhuma vantagem na última greve geral. Dirigi ao Ministro da Economia uma pergunta simples: quanto custaram ao País as greves gerais e sectoriais no sector dos transportes, num País falido e num sector que, por norma, é o mais afectado pelas greves. Esta pergunta faz para mim todo o sentido: o País todo sente o efeito das greves, mas sabe quanto custam? As empresas públicas de transportes apresentaram um prejuízo de 1.366.776 milhares de euros no 4º trimestre de 2011, sendo por conseguinte responsáveis por mais de 91% dos prejuízos globais do SEE (Sector Empresarial do Estado), excluindo o sector da saúde, Parpública e EP. O Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações afirmou, em Fevereiro de 2012, que as greves realizadas no ano de 2011 custaram directamente 30 milhões de euros às empresas públicas de transportes; veremos quanto custaram no total aos contribuintes, e que efeito pode ter – ou não – no principal objectivo que uma greve geral pretende defender: o superior direito ao trabalho, remunerado de forma justa.



Nas actuais circunstâncias, esta greve geral não teve reivindicações novas. O desemprego não diminui; a produção não aumentou; a legitimidade democrática das instituições não se altera; a crise não se resolveu. Ninguém pareceu lucrar absolutamente nada com ela, a começar pelos participantes. A situação em que se encontram ficará rigorosamente na mesma, se não piorar como é o mais provável. Correr o risco de banalizar a greve é retirar o efeito que uma greve, um direito inalienável, deve ter: um sinal claro que qualquer poder político não deve ignorar, mas perceber que há algo que não está bem e que merece ser ouvido. O que faz falta não é avisar a malta, mas mobilizar a malta para que se concentre no trabalho, e que desse trabalho surja um contributo decisivo para resgatar o País das garras dos credores.

Bem sei que vamos todos, mais cedo ou mais tarde, ter que tirar todas as consequências de como e porque nos metemos nesta situação, mas neste momento a prioridade é outra: decidir se queremos salvar o País, ou proteger a sua zona de conforto.



Quem parece querer ficar imóvel é a CGTP. Independentemente do momento que atravessa o País, esta central sindical mantém-se coerente: participa nas reuniões de concertação social, mas chegado o momento de assinar o necessário acordo salta fora, foge ao compromisso, está quase sempre contra qualquer mudança. Foi também assim na proposta de alteração do Código Laboral proposto pela anterior coligação, pela mão do então Ministro Bagão Félix; chamavam-lhe o maior ataque de sempre aos direitos dos trabalhadores, para mais tarde, em 2008, quando o governo socialista, pela mão do Ministro Vieira da Silva, propôs a sua revisão, se oporem, considerando então o Código de Bagão Félix o que melhor defendia os direitos dos trabalhadores… Palavras para quê?

Mas julgo que o pior ainda está para vir. Com a eleição de Arménio Carlos como Secretário-Geral da CGTP, tudo fica mais coerente entre a central sindical e o partido que a alimenta, o PCP. Mas afasta-se cada vez mais da realidade: reforça-se a vertente ortodoxa, na prática e no discurso. Nos últimos 150 anos as coisas mudaram muito. O estatuto dos trabalhadores, no século XXI, não é, nem de perto nem de longe, comparável ao que era no século XIX. A maioria dos trabalhadores já percebeu isso, mas a CGTP e o PCP não: prometem luta, mas o que faz falta é uma cultura de trabalho, e de justo equilíbrio de interesses entre todas as partes envolvidas.

Unknown

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