O livro faz uma viagem textual e fotográfica pelas casas onde viveram doze ilustres nomes da literatura portuguesa: Eça de Queirós, Teixeira de Pascoaes, Miguel Torga, Guerra Junqueiro, Trindade Coelho, João Araújo Correia, Fausto José, João Campos, Visconde de Vila Moura, Domingos Monteiro, Fausto Guedes Teixeira e António Cabral. Esta obra permite que o leitor faça uma viagem pelo íntimo de cada escritor e faz com que o mesmo vá de encontro ao espaço onde se construíram as vidas dos autores mencionados na obra. Dá a conhecer algo que é restrito em grande parte das vezes e tem como um dos objectivos avivar a memória das pessoas acerca destes nomes ligados à literatura e que têm sido esquecidos.
Dulce Pereira explica-nos o porquê do livro ser apresentado em Resende. ‘’O título do livro chama muito a atenção. Sendo Resende uma terra do Douro, faria todo o sentido que a obra fosse cá apresentada. Um livro que fala de escritores nascidos no Douro, um livro que nos dá uma perspectiva dos homens literários, da experiência e que passam muitas vezes para o papel de uma forma tão transcendente aquilo que nós muitas vezes não conseguimos escrever. São pessoas que nunca morrem. Conseguem pegar numa apara de um lápis e escrever de forma magistral aquilo que lhes vai na alma. É sempre uma forma de cultura um trabalho destes.’’ Acrescenta ainda que ‘’este livro é capaz de dar às novas gerações a possibilidade de conhecerem escritores que foram muito importantes na divulgação do nosso Douro.’’
António Borges vai no sentido da opinião anterior e diz-nos que ‘’esta é uma obra que contextualiza um conjunto de informação, quer escrita quer fotográfica, que de alguma forma vai sobretudo direcionada ao espaço onde nos encontramos e aquilo que são elementos de construção das próprias vidas dos autores, que aqui estão identificados. É evidente que, para o presidente da câmara de Resende, o primeiro impulso foi estar nesta apresentação porque este livro de alguma forma permite-nos a todos perceber que de facto há, sobretudo num momento como aquele em que atravessamos, um conjunto de realizações ou de realidades que nós achávamos que poderiam e que seriam as prioridades até das próprias políticas públicas, e até daquilo que está subjacente às próprias lógicas de desenvolvimento.’’
Tendo em conta que a fotografia é parte relevante nesta obra, falamos também com Sérgio Freitas, fotojornalista. Diz que ‘’uma coisa não fazia sentido sem outra. Mas continuo a dizer que o livro vale o que vale por causa da escrita, se bem que uma imagem valha mais que mil palavras. Sem dúvida que este livro é um grande enriquecimento cultural e não só para o Douro porque nos dá a conhecer a outra parte do escritor.’’
Secundino Cunha, jornalista e escritor do livro entende-o sobretudo como um trabalho jornalístico, um conjunto de reportagens que não foi fácil de concretizar: devo dizer que demoramos cerca de dois anos desde o levantamento à concretização do trabalho, escrita e paginação. O drama maior é o levantamento porque não há nada em Portugal sobre o tema. Estamos na fase em que o Douro fez 10 de Património da Humanidade e por cimo consideramos o trabalho sobre a região oportuno.’’ Adianta ainda que ‘’o principal objectivo é recuperar a memória dos autores aqui retratados, muitos deles completamente desaparecidos. O país não pode deixar-se ir em correntes modernistas que fazem esquecer o essencial. Fotografamos casas onde ninguém vai e certamente há curiosidade das pessoas para com isso.
Eu espero que este livro seja um enriquecimento cultural pelo levantamento que faz, pelo facto de dar a conhecer nomes grandes da literatura, acaba para contribuir para tal.’’