Hélder Amaral Deputado do CDS-PP |
Cada circunstância histórica tem os seus desafios e os seus problemas, que exigem soluções próprias. É dever de cada geração fazer um uso da liberdade que responda ao seu tempo, sem ficar presa às discussões e aos preconceitos do passado. Percorremos já desde o 25 de Abril quase tanto tempo quanto o que durou o Estado Novo e vivemos num mundo decisivamente distinto do dos anos 70. As esquerdas e as direitas de 2012 não podem pensar como as de então. O respeito e a coerência com os princípios e o espírito da mudança de há 4 décadas não significam uma adesão “cega” aos temas e aos termos da discussão politica desse tempo. Somos, por vezes, confrontados com manifestações, vindas de quem viveu e protagonizou a ruptura de 1974, de desagrado com o rumo das opções políticas presentes. Dizem-nos, como se falassem ainda ao abrigo de uma difusa legitimidade revolucionária, que não foi para certas opções dos portugueses de hoje que se fez o 25 de Abril. Mas a liberdade, por natureza e definição, não tem proprietários. E a democracia, por razão de ser, não tem amos nem príncipes. O único soberano é o povo.
Também hoje vivemos tempos de mudança e este não deve ser um tempo de divergências, venham elas de onde vierem, mas um tempo de consensos. Os nossos adversários não estão na esquerda ou na direita, mas nos factores que nos amarram à crise. É tempo de encontrar soluções, de dar esperança, e de criar oportunidades. Avaliar as ideias dos últimos 38 anos não implica querer voltar ao passado; significa, bem pelo contrário, querer responder ao presente e construir o futuro. Vivemos num País em que a iniciativa económica e o emprego vivem em crise, e o Estado sob ajuda financeira externa, com a consequente diminuição da soberania das nossas instituições e, portanto, da nossa liberdade enquanto nação independente. Esta situação obriga-nos, no imediato, à adopção de medidas de excepção, mas impõe também que reorganizemos o funcionamento do Estado, a hierarquia das suas prioridades e a sua relação com a sociedade. Os próximos anos vão requerer um esforço decisivo de concertação e de consensos sobre a actividade do Estado, no desempenho de funções essenciais que não possam, ou não devam, ser levadas a cabo pelos particulares, e de orientação dos seus recursos para os que deles mais necessitam. Uma verdadeira sensibilidade social.
Se bem aprendermos as lições deste período de emergência, dotaremos Portugal de um Estado mais eficaz, mais justo, menos refém das conveniências de grupos específicos, mais interessado em não atrapalhar a economia do que em dirigi-la e dela se servir, e um País mais empenhado em produzir riqueza do que em gastar o que não tem. Somos um povo que encara “olhos nos olhos” as dificuldades, e foi sempre nestas ocasiões que Portugal encontrou oportunidades, que liderou mudanças no mundo, que se fundou como nação e que alumiou novos caminhos. Em resumo, os desafios de Portugal serão sempre superados por todos nós, conscientes da sua existência e que o esforço a fazer é exigível a todos, na certeza de que as vantagens serão também repartidas por todos. Assim cada um saiba com o que contribuir para ultrapassar os obstáculos que se nos deparam.