Acácio Pinto Deputado do PS |
E, um ano após, há pelo menos duas perguntas, óbvias, que deveremos colocar: i) Esta maioria de direita está a governar segundo o programa e os compromissos assumidos? ii) Os portugueses estão hoje melhor do que estavam há um ano atrás?
Nada como encontrarmos factos, simples e objetivos, que possam elucidar-nos relativamente às questões colocadas.
Quanto à primeira pergunta, vejamos as seguintes declarações de Passos Coelho em abril de 2011: «Acabar com o 13.º mês? Mas nós nunca falámos disso e isso é um disparate». E mais este facto: «Governo aumentou de sete para onze o número de administradores da CGD depois de se ter comprometido a reduzir em 15% o número de dirigentes na administração pública». E ainda mais este de maio de 2011, Eduardo Catroga: «O PSD poderá acabar por reduzir a Taxa Social Única (TSU) paga pelas empresas à Segurança Social» seguido em janeiro de 2012 da seguinte declaração de Passos Coelho: «Nós não temos condições para efetuar qualquer redução da TSU».
Casos paradigmáticos e bem demonstrativos de incumprimento de compromissos. A resposta é não.
Quanto à segunda pergunta, vejamos os seguintes títulos de jornais: «Este ano [2012] portugueses trabalharam 155 dias para pagar impostos, mais cinco do que em 2011» (DN, junho 2012); «falências de restaurantes sobem 68% até fevereiro [2012]» (Jornal Negócios); «Em média, por dia, os bancos recebem 25 casas de volta por falta de pagamento. Este é um aumento de 74% em relação aos números de 2011» (RTP, abril 2012); «disparou o número de alunos que abandonaram o ensino superior [+ 6%]» (RR, janeiro 2012).
Podíamos para cada uma das perguntas encontrar muitos outros factos, mas fiquemos por estes. A resposta também é não.
E para concluir uma outra pergunta: E será que não há portugueses que estejam muito melhor, um ano depois desta governação do PSD e do CDS?
Mais uma vez os factos a responder: «Borges [o 12º “ministro” deste Governo] ganhou 225 mil euros livres de impostos» (CM, junho 2012); «Eduardo Catroga [PSD] pode receber 600 mil euros por ano» (RTP, janeiro 2012); Manuel Frexes (Águas de Portugal), Celeste Cardona (EDP)…
Termino, parafraseando o meu amigo Paulo Neto: Um gajo que ganha por ano 225 mil euros isentos de impostos tem o direito a vir falar em redução de salários dos portugueses? E se um gajo destes fosse atado no pelourinho durante um mês a pedir 225 vezes por dia desculpa a quem ultraja? (Facebook, 3 junho 2012).