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Hélder Amaral: «Serenidade e Bom Senso»
quinta-feira, 13 de setembro de 2012 Publicado por Unknown

Hélder Amaral
Deputado do CDS-PP

Vivemos tempos que exigem de todos bom senso, coragem e responsabilidade. Quem governou deve saber em que condições deixou as contas públicas, quem governa sabia em que condições aceitou governar, e quem votou exercendo um dos maiores direitos (o de escolha) tem que assumir a escolha. É também verdade que a maior responsabilidade, mas não a única, é de quem governa. É sobre eles que depositamos muitas das nossas esperanças, mas não só. Alguns dos críticos do atual governo parecem não ter percebido ainda a natureza excecional da sua missão, e a novidade absoluta dos seus desafios. Se há momento em que não é demais sublinhá-lo é agora: a soberania do povo português foi traída pelos erros e excessos que a enfraqueceram perante a dependência do auxílio externo. A ação governativa não pode ser mais aquele exercício faustoso e irresponsável de quem promete tudo a todos, de quem refugia a sua consciência na desculpa de que nenhum custo é excessivo, porque existirão sempre outras gerações no futuro capazes de suportar a prodigalidade do presente. Não: essa é a mentalidade que nos trouxe ao limiar da bancarrota.

Esta chocante realidade foi-nos confirmada num relatório recente do “World Economic Forum de 2012”: Portugal caiu quatro lugares na lista dos países mais competitivos, tornando-se num dos países menos competitivos e onde se gasta pior os recursos dos contribuintes. Pelo contrário, está em 4º lugar ao nível mundial no que se refere à sua infraestrutura rodoviária. Isto comprova que as prioridades dos anteriores decisores políticos estavam completamente invertidas, e que resultaram num país que só desperdiçou recursos públicos em obras que acabaram por não gerar riqueza. É que o anterior governo socialista, por opção, governou para as eleições, inaugurando obras altamente dispendiosas e deixando a conta para os governos vindouros. Devido a contratos ruinosos, os encargos com as Parcerias Público-Privadas aumentaram de 892 milhões de euros em 2009 para 1822 milhões em 2011, um aumento de mais de 100%. O atual Governo tem que inverter esta situação, renegociando os contratos existentes. Espera-se realismo de todas as partes.

É à ilusão da facilidade que devemos a situação em que nos encontramos. Não será pois o desleixo que dela nos afastará. A ação governativa deve ser hoje um exercício de rigor e prudência, claro nos objetivos, transparente na comunicação das dificuldades, inflexível no cumprimento das reformas necessárias, e despreocupado da popularidade momentânea. O caminho de regresso é estreito e pleno de obstáculos, mas a verdade é que tem sido trilhado, já com o cumprimento evidente de muitos dos fins fixados.
O Governo PSD/CDS iniciou funções com o país submetido a um programa de ajustamento que tem como principais pilares: 1) A Consolidação Orçamental; 2) O Reforço da Estabilidade Financeira; e 3) A Transformação estrutural da economia portuguesa. As avaliações ao programa - ou seja, ao compromisso que assumimos para evitar a bancarrota - evidenciam que o Governo (e, com ele, os portugueses) tem cumprido, pelo que todos já nos habituámos a ouvir ou a ler que “o programa continua no bom caminho”, e que se registam “progressos em matéria de reformas destinadas a aumentar o crescimento a longo prazo”.
Os mercados têm vindo a reconhecer o aumento da credibilidade do nosso país, pois, tal como referido recentemente pelo atual representante do FMI em Portugal, “O atual nível dos spreads mostra que os mercados financeiros começam a aceitar a ideia do sucesso do programa”. Para sermos inteiramente justos, esse reconhecimento não se deve ou incide apenas sobre os esforços e trabalhos do governo, sustentado na maioria parlamentar de que o CDS faz parte. Em bom rigor, a boa imagem de Portugal passa muito pela estabilidade politica de que o país tem beneficiado. Essa tem sido uma razão de credibilidade fundamental. A comunidade internacional percebe que, em Portugal, apesar das diferenças de opinião, a necessidade do ajustamento é entendida por uma base social e politica que vai para além dos estritos limites do governo e da respetiva maioria parlamentar. Importa, portanto, como condição do trabalho reformista, ir assegurando os necessários consensos.
Num tempo de extraordinária volatilidade, o arrojo da mudança depende da capacidade de  fazer sacrifícios, de definir um rumo, e da capacidade de manter consensos com os parceiros sociais. Foi o que aconteceu até aqui, e resultou desse esforço que no ano de 2011 a despesa pública em milhões de euros diminuísse quando comparada com 2010. Ou seja, pela primeira vez em 34 anos, o “monstro” da despesa foi reduzido; e esta redução é para continuar!
Hoje, mais  do que nunca, neste momento difícil, Portugal precisa do apoio de todos nós. Enfrentamos uma tempestade, mas como todas as tempestades, tem graus de violência diversos, afetam de forma diversa a população, provocam angústia, às vezes pânico, mas têm todas uma característica comum: todas acabam por passar. As consequências dependem, muitas vezes, mais da forma como estamos ou não preparados para a tempestade, do que da violência desta. O que nos é exigido a todos é que nos concentremos a preparar o país para  ultrapassar este momento de dificuldade, para que nunca mais se perca a soberania nacional.

Unknown

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