Encontramo-nos a pouco mais de
meio ano das eleições autárquicas, dai surge o CIR (Cidadãos Independentes por Resendense). O Notícias de Resende decidiu entrevista-lo para saber as suas ambições, os seus projetos e a sua opinião sobre a atual política.
Rafael Barbosa (RB): Quais os principais objetivos/metas do CIR?
Álvaro Matos de Almeida (AMA): O CIR constituiu-se com o
propósito de reflectir e encontrar soluções para os problemas com que se
deparam os cidadãos de Resende. No atual contexto político local, e um pouco à
semelhança daquilo que acontece a nível nacional, os partidos políticos não
conseguem captar os anseios e vontades dos seus cidadãos. Centrados na lógica
da luta pelo poder, e convencidos de que a democracia lhes pertence, alheiam-se
das reais necessidades e problemas dos cidadãos. No entanto, elas existem e
eles são de facto muitos, desde o desemprego à desertificação, da baixa da
produção ao abandono dos meios produtivos, o que tem levado Resende a um estado
económico e social muito preocupante. O que o CIR se propõe fazer é reflectir
sobre tudo isto, identificar claramente os problemas e as falhas e identificar
também os recursos e as oportunidades existentes e criar uma plataforma que, na
conjugação de uns com os outros, se combatam os problemas e as falhas verificadas.
É também nossa pretensão evitar que Resende
caia no marasmo e possa entrar numa fase de depressão como consequência de
apenas se pretender conservar o poder e o domínio sobre as pessoas sem preocupação
da apresentação de uma liderança capaz de executar projetos que consideramos exequíveis.
Por isso um dos objetivos é conquistar lugares na vereação, na Assembleia Municipal
e eleger Presidentes de Junta de Freguesia. Os dados que temos permitem
acalentar essa esperança, daí que a meta a médio prazo seja mesmo vir a eleger
o Presidente da Câmara Municipal nas listas do CIR
RB: Qual a constituição/composição do CIR?
AMA: O CIR, como o nome indica, é
composto por cidadãos independentes interessados em encontrar as melhores
soluções para a sua terra e para os seus habitantes. Todos os que se preocupam
com Resende e querem pensar Resende, têm lugar neste movimento. Resende Somos
Nós – Somos todos nós que aqui vivemos, que nos preocupamos com o nosso futuro
e que nos identificamos com Resende.
Somos um movimento com uma composição
muito heterogénea, agregando pessoas de todas as idades, de todos os estratos
sociais e profissionais com implantação no concelho de Resende e ainda Resendenses
que se encontram fora.
É curioso assinalar como, em tão
pouco tempo, e sobretudo com o aparecimento da candidatura do Dr. Manuel
Trindade, surgiram variadíssimas pessoas, cidadãos quase anónimos e outras
individualidades mais ligadas à vida social, económica e política do Concelho,
a reclamarem o seu direito de participação e de defesa intransigente dos
valores e dos pergaminhos da nossa terra... a quererem congregar esforços no
sentido de "levar esta eleição para os órgãos autárquicos a sério" e
não permitirem que os nossos futuros líderes sejam impostos por alguém que já
demonstrou estar demasiado agarrado ao poder e querer mantê-lo, servindo-se de
pessoas e nomes que não nos dão garantias que possam defender, afirmar e levar
longe o nome de Resende.
RB: Na sua opinião como se encontra a política no concelho de Resende?
AMA: A política no concelho de
Resende é um pouco o espelho daquilo que se passa a nível nacional. Os partidos
políticos estão vazios de ideais, abandonaram as suas referências e a sua acção
é em função das expectativas eleitorais e nada mais (certos que, mais cedo ou
mais tarde, chegam naturalmente ao poder com base na alternância governativa).
Resende tem uma identidade, tem valores assentes em séculos de existência pelo
que é necessário voltar a dar referência a essa identidade, a esses valores.
RB: Ao longo dos últimos três mandatos do atual executivo camarário que
resultados/medidas foram vantajosos para o concelho de Resende e que
prejudicaram os resendenses?
AMA: O balanço dos últimos três
mandatos do actual executivo camarário terá que ser feito posteriormente,
quando for possível identificar o seu verdadeiro impacto a nível social,
económico e financeiro.
A política seguida nos últimos
doze anos fixou a população? Criou emprego? Criou riqueza? Promoveu o bem-estar
geral? Conseguiu-se captar investimento? O produto aumentou? As contas municipais
estão equilibradas? Qual o défice? Que responsabilidades para o futuro?:
Apesar das questões que
colocamos, somos os primeiros a reconhecer que foram tomadas várias medidas positivas, que houve um
significativo esforço por parte dos últimos executivos para se fomentar o
aparecimento de infra-estruturas necessárias. Pena foi que não tivesse havido a
preocupação de enveredar por projetos que se apresentam com maior prioridade,
que não se tenha combatido o despesismo e o esbanjamento dos recursos; foram
gastas algumas somas avultadas em obras sem grande utilidade, numa política de
cimento e de ostentação que nos sairá bastante caro, num futuro próximo.
Em termos de fomento da economia
local, pouco foi pensado ou realizado, as poucas empresas do concelho quase
desapareceram, as falências sucedem-se, as pessoas emigram sem data para
voltarem à sua terra. Continuamos um concelho que em termos de desenvolvimento
continua na cauda do ranking nacional.
RB: Como vê a candidatura do Dr. Manuel Trindade pelo PS às autárquicas?
AMA: O CIR respeitará todos
aqueles que já se perfilaram ou venham a perfilar como candidatos e que num
gesto de generosidade estão dispostos a dar o seu contributo para o
funcionamento das instituições democráticas que nos governam.
Quanto à candidatura que menciona
é opinião generalizada que esta candidatura não faz qualquer sentido por
diversas razões:
1-Não é uma pessoa que reúna as
qualidades que pensamos serem exigíveis para
fazer dele um presidente de câmara sensível aos problemas dos Resendenses;
2- Consideramos que não tem o
perfil, (dada a sua impreparação e objetivos de vida) para ser um presidente
solidário, atento aos problemas que Resende tem que enfrentar;
3. O Dr. Manuel Trindade como
médico exerce a sua atividade para além do Centro de Saúde de Resende, em
muitos outros locais e que, por isso, tem um contacto alargado com a população.
Terá sido este o motivo da escolha do PS para seu candidato. No entanto, aquilo
que à partida poderia ser considerado um factor positivo, acaba por não ser, dada a falta de qualidades humanas que
exibe para ser um verdadeiro líder de uma comunidade.
Por estas razões os resendenses
nunca aceitariam passar um cheque em branco a alguém que não é de Resende, não
vive em Resende e não sentindo Resende, é uma pessoa que apenas tem cuidado dos
seus interesses pessoais pois qualquer serviço que presta tem sempre em vista a
obtenção de uma recompensa financeira. Uma personalidade com estas
carateristicas não tem, na nossa opinião, o perfil para participar na definição
dos destinos do concelho, muito menos para tomar, em mãos, o leme desse desafio.
RB: Ainda não há confirmação oficial por parte do PSD do seu candidato, mas
o que espera da candidatura por este partido?
AMA: O que se vislumbra, neste
momento, é que o PSD vai apresentar uma candidatura não ganhadora que não
consegue unir os resendenses fruto das divisões internas no seio do próprio partido e da inexperiência dos seus
principais líderes.
Pelas responsabilidades que o PSD
tem a nível nacional e pela história local do partido, é importante que este apresente
uma ideia sustentada e clara daquilo que quer.
É no debate das ideias que os
resendenses devem formular as suas escolhas e é verdadeiramente nisso que o CIR
está apostado.
RB: Agora mais a nível nacional, como vê o atual governo português? As
políticas aplicadas são as corretas?
AMA: A nível nacional é uma
sucessão de trapalhadas
RB: O que espera que os resendenses façam na altura das eleições autárquicas?
AMA: Neste momento, o que mais
espero é que os resendenses tomem nas suas mãos o debate daquilo que querem
para Resende. Isto vai-se já verificando, pois pela reação a nomes e projetos
que já vão sendo conhecidos, pensamos que estão criadas condições para uma
mudança significativa na política local e é forte o sentimento que pretende uma
viragem no que diz respeito aos destinos do concelho. Existe uma disposição
para experimentar novas ideias , apoiar novos projetos,e uma participação
activa que muitos têm dado nas redes sociais. Certo que vão abraçar este
desafio, que se espera esclarecedor sobre o que se pretende para Resende, no
dia das eleições os resendenses saberão escolherem o melhor agarrarão nas suas
mãos o destino da sua terra.
RB: Qual será a principal mensagem do CIR?
AMA: A nossa mensagem principal é
que o destino do
nosso concelho e o nosso bem estar está nas nossas mãos e pode estar ao nosso
alcance.
A mensagem que o CIR quer
transmitir aos resendenses é que acredita em Resende para viver, para acolher a
família, para educar os filhos e para amparar os idosos. É um sentimento que
nos liga, é a nossa casa, é a nossa família. Resende somos nós. Acreditamos que
isso é possível e esse é o nosso propósito: Ser Feliz em Resende!
RB: Porquê Independentes? Já participaram em algum partido político? Se
sim, quais as razões da independência.
AMA: O nosso lema é "Não deixes que decidam por ti... vai à luta
porque quem não luta perde sempre". Queremos afirmar a nossa independência
relativamente aos partidos e apresentar uma nova lógica organizativa que tem
por base a opinião individual, a participação na decisão por consenso e a
eleição dos mais capazes e mais disponíveis para se dedicarem à causa pública
sem esperarem lucros ou honrarias.
Somos adeptos de uma economia de mercado fundada na livre iniciativa e na
pluralidade de iniciativas, havendo lugar para a iniciativa privada, a
iniciativa pública e a iniciativa social;
Os poderes autárquicos devem favorecer, com apoios específicos, o
cooperativismo e as redes solidárias de agentes económicos e sociais.
Somos a favor da independência do poder político face
aos poderes económicos. Por isso é dever do Estado e do poder autárquico
promover o interesse público e o bem comum, conduzir as estratégias de
desenvolvimento local e regional, garantir o quadro institucional favorável à
criação e distribuição de riqueza, assegurar a provisão de infra-estruturas,
bens e serviços de interesse geral, corrigir as desigualdades e falhas de
mercado, arbitrar conflitos e agir em prol da coesão social e territorial.
Queremos criar espaço para a iniciativa individual e valorizar o
trabalho dos verdadeiros empreendedores que têm sucesso fruto do seu trabalho e
dedicação abnegado e persistente.
RB: Deseja acrescentar algo à sua entrevista?
AMA: Aproveito esta oportunidade
para, em nome dos homens e mulheres que se encontram envolvidos neste projeto,
afirmar o seguinte:
O movimento CIR considera que a democratização é um processo contínuo, que
se realiza em múltiplas dimensões, na organização política, na paridade entre
os géneros, na vida cívica, económica, cultural e social.
A democracia não é um facto estabelecido de uma vez por todas, é uma
dinâmica.
O espírito democrático e a participação cívica devem informar as múltiplas
dimensões e áreas da vida social. Por isso defendemos e damos prioridade à
participação dos jovens e das mulheres, através de uma cidadania ativa e
construtiva ;
Não é só a democracia política que constitui condição necessária do
desenvolvimento e da coesão social; o esforço da democratização económica,
social e cultural constitui também condição importante para o bom exercício dos
direitos políticos.
Assim, para todos nós, existe uma ligação fundamental
entre a realização da democracia económica, social e cultural e o
aprofundamento da democracia participativa, onde todos, sem exceção, têm uma
palavra a dar.