Acácio Pinto Deputado do PS |
As empresas, que são sempre os melhores indicadores para perceber as coisas, estão sem qualquer capacidade para gerar emprego, o que quer dizer que os empresários continuam sem nenhuma esperança no futuro de Portugal.
É bem verdade que esta evolução, do BCE, há muito defendida pelo PS e pelo seu secretário-geral, em diversos fóruns europeus e que permitiu a alguns países, entre os quais Portugal, ir aos mercados é, em si, um dado positivo. Há, porém, todo um percurso a fazer em Portugal e na Europa que não faz parte da agenda deste governo, que é o da aposta no crescimento e no emprego e uma efetiva evolução para uma democracia europeia que eleja diretamente os seus mais altos representantes e um parlamento com efetivos poderes legislativos.
Pois bem, centremo-nos então, por exemplo, nos valores do desemprego, que não para de aumentar e que é, sem dúvida, o maior flagelo com que estamos confrontados, atingindo de uma forma particular os jovens, com valores superiores a 40%. No final de 2012 o número de desempregados registados no IEFP era de 711 mil, ou seja mais 106 mil do que em 2011 (+17,4%). E se o termo de comparação for o início de funções deste governo nós temos hoje mais 192 mil desempregados.
E quantos emigraram, entretanto, não por obediência aos despudorados apelos de Passos Coelho, mas por uma evidente necessidade de sustento da família? E quantos não constam dessa estatística fria e hipócrita?
Uma tragédia. É que a austeridade, como se sabia e se está a confirmar, alimenta-se viciosamente de si própria: austeridade gera recessão, recessão aumenta o deficit e este requer mais austeridade.
No distrito de Viseu a situação é ainda mais devastadora. Em dezembro eram 24.524 o número de pessoas desempregadas inscritas nos centros de emprego, o que significa um crescimento de 20,2% face a 2011, isto é mais 4.121 desempregados.
Impõe-se, pois, fazer ecoar um grito, nos tímpanos dos governantes: devolvam a esperança aos portugueses e a Portugal.