Acácio Pinto Deputado do PS |
Trago estas declarações à liça pelo facto de estarmos, neste início de 2013, mais uma vez confrontados com um completo falhanço nas metas orçamentais e no cumprimento de todos os objetivos.
Não há uma única previsão, uma que seja, que tenha sido cumprida neste último ano e meio.
Que dirá, agora, Passos Coelho perante os seus próprios falhanços?
Dissequemos alguns incumprimentos.
A dívida pública atingiu no final de 2012 um valor de 203,4 mil milhões de euros o que representa 122,5% do PIB, ou seja, mais 18,7 mil milhões do que no final do ano anterior e um valor muito superior ao previsto.
O desemprego atingiu em igual data o valor de 16,9%, sendo o dos jovens de cerca de 40%, portanto, muito acima de todos os valores que constavam nos documentos oficiais do governo.
O défice de 2012, que ainda não se conhece, prevê-se que seja de valor mais elevado (4,9%) do que o acordado e definido (4,5%) pese embora todas as manobras de cosmética efetuadas por Passos, Portas e Gaspar, como foi o caso das privatizações, algumas, in extremis.
Ora para quem dizia que iria consolidar as contas públicas e que iria efetuar cortes nas gorduras do estado, percebe-se bem a hipocrisia de toda a sua dialética discursiva.
Mas o facto mais relevante da última semana foi a declaração do ministro das finanças, Vítor Gaspar. Com efeito, esse “e-co-no-mis-ta en-car-ta-do”, disse, finalmente, que precisamos que nos deem mais tempo para corrigir o défice, ou seja, disse o óbvio.
Agora, se juntarmos tudo isto aos cortes sociais, ao aumento de impostos, à redução dos salários e das pensões, à falta de financiamento da economia, ao aumento dos juros da dívida pública portuguesa, concluiremos com facilidade que o povo português não aguenta mais austeridade e o PS tem a obrigação de o dizer inequivocamente, como muito bem fez, esta semana, António José Seguro.
E diga-se que nesta mesma linha se têm vindo a pronunciar outros cidadãos através de artigos de opinião ou sob a forma de romance. Refiro aqui José Gil, filósofo, em artigo que designou “o roubo do presente”; também Nuno Júdice, poeta, com o romance “a implosão”; e ainda Manuel Alegre, com base nestes dois autores, em artigo no DN a que colocou o sugestivo título “a implosão anunciada”.