Acácio Pinto Deputado do PS |
E Nuno Crato cumpriu. Rapidamente se transformou no “comandante” de uma verdadeira deriva de ataque ideológico à educação e à escola com o objetivo último da privatização do sistema educativo. E o que é grave é que ainda possa haver quem creia que com este caminho se aumenta a equidade e a inclusão na escola, pedras basilares de qualquer política educativa.
Ou será que queremos, novamente, voltar à educação só para alguns?
Começou por desdenhar do trabalho, do rigor, dos currículos, da responsabilidade e da autonomia das escolas, para implementar os seus conceitos. E nesse discurso de ataque ao sistema, a sua voz foi-se juntando a toda uma teoria minimalista para o serviço público de educação: do saber ler, escrever e contar. Foi enfatizando e implementando a teoria dos que defendem que a educação tem que estar exclusivamente ao serviço das empresas, mais do que ser um elemento estruturante para a formação dos cidadãos. O ministério de Nuno Crato foi dando sinais de que não pensa a educação como um elemento central na luta pela igualdade de oportunidades, mas antes seletiva e reprodutora de exclusão, quando, por exemplo, os relatórios da UNESCO associam o sucesso a sistemas altamente inclusivos e fortemente integrados.
Mesmo com estas e outras evidências internacionais, mesmo com estudos inequívocos que dão um claro aumento no desempenho dos nossos jovens fruto do investimento dos últimos anos, chamem-se PISA, TIMMS ou PIRLS, nem mesmo isso, fizeram ou fazem demover Nuno Crato.
E aí vai ele, de-vento-em-popa, no seu rumo. Extinguiu o programa novas oportunidades, atacou as artes e a cidadania, aumentou as transferências de verbas para as turmas do privado, criou exames no 4º ano, e agora enche a boca com o ensino dual e vocacional, numa investida no sentido de promover uma seleção precoce para os alunos, ao invés daquilo que a OCDE vem defendendo, a do adiamento da seleção académica.
Aqui chegados importa, portanto, unir vontades e esforços no sentido de, juntos, fazermos infletir as políticas deste ministério de Nuno Crato e os cortes cegos que este governo quer efetuar nas funções sociais do estado e no consequente aumento das desigualdades económicas e sociais.