Hélder Amaral Deputado do CDS-PP |
Sem uma nova geração de autarcas e de políticas, sem um eleitorado que se atreva a mudar, o país pode estar condenado, e no final quem paga é a democracia e o contribuinte. O peso insuportável da dívida pública tem entrado em casa de cada português na forma de impostos. Essa dívida pública tem origem num modelo de desenvolvimento insustentável, assente em gastar dinheiro que não temos, que pedimos e que não conseguimos pagar, pela simples razão que muito desse investimento não resultou em crescimento económico. A dívida pública portuguesa, na ótica de Maastricht (ou seja, o resultado da dívida consolidada das administrações públicas, excluídos os créditos comerciais), está desde 2004 acima do limite do Tratado, e ninguém se atreveu a mudar ou a parar. Antes se optou por mais e mais obra pública, a pensar apenas nas eleições, e não nas novas gerações.
Em 1984, o primeiro-ministro, Dr. Mário Soares, afirmava que “Portugal habituou-se a viver, demasiado tempo, acima dos seus meios e recursos”. Foram tempos difíceis, tal como agora. No dizer do então primeiro-ministro socialista, a solução era simples: “os problemas económicos em Portugal são fáceis de explicar e a única coisa a fazer é apertar o cinto”. Lamento que o Partido Socialista nada tenha aprendido com o passado: aplicou a mesma receita nos governos de Sócrates, conduzindo o país à pré-bancarrota. Convém lembrar que faz agora dois anos que assistimos todos à capitulação do modelo socialista de governo e à vinda da Troika, e com ela do “apertar do cinto”. Nada será como antes. Os partidos do governo e o PS assinaram o tratado orçamental que nos obriga a assegurar que o défice orçamental não exceda 3% do produto interno bruto a preços de mercado, e que a dívida pública não exceda 60% do produto interno bruto a preços de mercado. Quem não cumprir estas disposições poderá sofrer sanções pecuniárias, até 0,1% do PIB, impostas pelo Tribunal Europeu de Justiça.
Mas a verdadeira mudança está na mão do eleitorado, a começar já nas próximas eleições autárquicas. A escolha não deve assentar em modelos que já provaram não resultar. Por isso, atrevam-se a mudar.