Hélder Amaral Deputado do CDS-PP |
É verdade que não é um problema exclusivo do nosso país, mas somos quem mais sofre com o drama, devido ao atraso em relação ao resto da europa, pelo esforço que cada família fez para dar aos seus filhos um futuro melhor, principalmente no interior. Há quem afirme que a crise se sente menos na nossa região, mas quem o faz não deve ter lido o último relatório do INE (Instituto Nacional de Estatística), que nos coloca nas zonas mais deprimidas do país. O desemprego afeta a capacidade de criar sociedades dinâmicas, de fazer funcionar o elevador social. Para perceber melhor isto, basta para quem tem emprego recordar o que representou para si o seu primeiro dia de trabalho, e pensar que há muitos que estão desempregados, mas há muitos outros que nem o primeiro emprego conseguiram ainda. Esse é o drama.
Na nossa região, no país e na europa, não reconhecer o problema torna difícil a busca de soluções. O governo criou programas, como o Estímulo 2012, de apoio à contratação de desempregados de média e longa duração, ou o Programa Impulso Jovem, que assenta essencialmente em 3 pilares: estágios profissionais, apoio à contratação e ao empreendedorismo. Mas falta mercado e crescimento económico. É nisso que nos devemos concentrar de agora em diante.
Na europa, 23% dos jovens abaixo dos 25 anos estão desempregados. São 5,7 milhões de jovens sem emprego. Temos lugar num um pódio onde não deveríamos estar, no que toca a desemprego jovem: a Grécia com 58%, Espanha com 56%, e Portugal com 38,3%. Estes são números inaceitáveis. É por isso que cada estado membro, e a europa num todo, devem mobilizar todos os instrumentos disponíveis para criar postos de trabalho. Como bem disse o Comissário Europeu, “o desemprego entre os jovens tem consequências potencialmente desastrosas, especialmente se for prolongado, já que os jovens podem ser excluídos não só do mercado de trabalho, como da sociedade como um todo”. Segundo o Comissário, poderá estar disponível, se aprovado o orçamento comunitário plurianual para 2014-2020, um pacote “garantia jovem” de 6 mil milhões de €. Não sei se chega, mas tudo o que poder ser feito só peca por tardio. Basta rever as metas dos objetivos Europa 2020 para se perceber com estamos a regredir nos objetivos socioeconómicos. O problema é que os jovens são fundamentais para a própria recuperação económica, pelo seu perfil de consumo, capacidade de trabalho e confiança no sistema económico e politico.
O governo apresentou um memorando para o crescimento e emprego, algo que precisa de tempo, estabilidade e compromisso das oposições e dos parceiros sociais. Se cada um se concentrar no que sabe fazer melhor, se cada um se esforçar um pouco mais, se não se perder a nossa capacidade de ser solidário, este memorando não passará de um conjunto de boas ideias. 17,5% de desempregados, em termos gerais, não devem sobrepor-se ao combate político-partidário. Há exemplos e práticas que devemos seguir: a Áustria tem 4,7%, a Alemanha 5,4%, em particular o desemprego jovem, e na Finlândia há um exemplo que gostava de ver replicado no nosso país - 83% dos jovens que procuraram emprego conseguem resposta positiva. Na Áustria, há aposta forte na formação e estágios para uma aprendizagem para o mercado de trabalho. Na Suécia estimula-se e apoia-se a procura de emprego, concedendo um período de três meses de monotorização da procura e oferta de trabalho, para assim perceber melhor que constrangimentos existem e que soluções são precisas. Mas em todos estes países há incentivo ao risco de criação do próprio emprego, e um ambiente favorável à criação de empresas.
É nossa responsabilidade criar melhores oportunidades aos jovens. O custo, se nada fizermos, pode ser extremamente alto, em termos humanos e económicos.