Acácio Pinto Deputado do PS |
Trata-se de uma adaptação livre da obra homónima, uma adaptação dramatúrgica pelo olhar do José Rui e do Pompeu.
E vai daí, tinha que me confrontar com eles. Tinha que ser interpelado por esta sua criação. Tinha que saborear todas as suas sonoridades.
Como a rota do elefante andava pelos espaços raianos, saí-lhes ao caminho no Fundão, já depois do elefante se ter e ter alimentado as gentes de Figueira de Castelo Rodrigo, onde se estreou, São João da Pesqueira, Pinhel e Sortelha. Tudo locais de grande simbolismo. De forte recorte histórico. De elevada matriz cultural.
A expectativa que coloquei – não sei ter outra perante este grupo da arte e da cultura, de terras de besteiros – era alta, é sempre alta, e, confessado fico agora, dizendo que foi fortemente correspondida.
Excelente teatro de rua. Repito: excelente teatro de rua.
O texto - acutilante; a encenação - perfeita; os atores - maduros; a música - comprometida; a luz - límpida; o elefante - meigo e obediente!
E os poderes? Esses, sempre efémeros, sejam terrenos ou divinos, pois os homens, os seus intérpretes, sempre tão transigentes ao pecado!
Gostei da fantasia, do sonho, da narrativa. Dos diálogos e dos silêncios. Muito, do elefante salomão, ou sulimão. E nele, da recriação da metáfora sobre a vida humana: o caminho é longo e quantas vezes após a chegada, é a morte! A morte fria e crua, como a do elefante um ano após chegar a Viena!
Magnífico espetáculo que ainda poderá ser visto em Castelo Branco, Tondela, Lisboa e Rivas-Vaciamadrid.
"Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam", como dizia José Saramago, e como tal este teatro de rua também está a chegar aos sítios aonde o esperam… e que pena tenho que não aconteçam mais sítios à sua espera, aqui pelos nossos municípios da beira alta, para além de Tondela, claro está.
Parabéns ao José Rui Martins e a todos os colaboradores do Trigo Limpo | ACERT, por mais esta dádiva.