Nota: Todos os candidatos foram convidados a serem entrevistados pela nossa equipa. Ou por motivos de ausência de resposta ou recusa as outras duas não foram publicadas.
Rafael Barbosa (RB): O porquê da sua candidatura à Câmara Municipal de Resende?
Jaime Alves (JA): candidato-me por amor à minha terra! Não me resigno a ver a minha terra empobrecer e perder jovens e famílias. Quem me conhece sabe que tenho um profundo sentido de pertença às minhas origens e uma dedicação de mais de 20 anos ao desenvolvimento local. Ao contrário do que vejo na candidatura socialista, não sou um estrangeiro, um produto importado! Aqui, em Resende, estão as minhas raízes e a minha vontade! Sinto também que é chegado um novo tempo. Um tempo de passar das promessas aos resultados. Um tempo de desenvolver o concelho em diálogo com os cidadãos, as empresas e as instituições. Comigo, Resende terá um líder, mas não terá um xerife!
RB: Como vê o concelho de Resende?
JA: Tenho um grande orgulho em ser de Resende. Resende é a minha terra e a terra dos meus pais e avós. Também por isso não me resigno a ver Resende como o concelho campeão do desemprego em Portugal! É o município com a mais elevada taxa de desemprego. É esta a herança de 12 anos do atual executivo. Ganhámos obras e dívidas, mas perdemos população, atividade, riqueza e emprego. Precisamos de inverter este ciclo, de criar oportunidades para as famílias, para os jovens e para as empresas. Temos um grande potencial na nossa terra!
RB: O desenvolvimento de Resende é altamente penalizado com a grave crise económica que atravessamos a nível nacional. Como pretende a nível local seguir um caminho diferente?
JA: Os produtos da terra, o turismo e a cultura têm um grande potencial em Resende! Outros concelhos souberam apostar nos seus produtos e criar emprego, atrair investimentos e gerar mais qualidade de vida. Nós também seremos capazes. Temos de desenvolver uma estratégia económica que valorize os nossos produtos, que desenvolva turismo de qualidade e que transforme o nosso património histórico e ambiental em atrativos. É impensável que o parque empresarial de Anreade esteja às moscas como está e que não exista no município um gabinete de apoio às empresas que funcione. É inacreditável como quatro quadros comunitários depois, não temos ainda ligações rodoviárias dignas a Baião e a sul, por Bigorne. E é mesmo inconcebível que as cerejas e as cavacas de Resende não estejam certificadas e protegidas na sua comercialização. Estamos a perder empregos e riqueza por isso. As nossas cerejas são tantas vezes vendidas à beira da estrada, a baixo preço e sem condições, enquanto as do Fundão são vendidas nos grandes mercados urbanos e no estrangeiro. As nossas cavacas são imitadas em qualquer pastelaria do Porto e o nome da terra é usurpado. É também impensável que o executivo tenha abandonado as nossas áreas arqueológicas, que o saudoso Brito de Matos tanto valorizou. Convenhamos que há muito para fazer em Resende.
RB: Resende nos últimos anos foi tendo alguns investimentos. Considera essenciais para a região?
JA: Ganhámos algumas obras importantes por causa dos fundos comunitários e melhorámos alguns equipamentos, mas também ganhámos dívida! E de que valem essas obras se a hemorragia de população e de emprego continua? Resende é o campeão do desemprego em Portugal. Esta é uma chaga social que afeta famílias e jovens e que tem de ser travada a todo o custo. A chave do sucesso não está em fazer muitas obras, mas em fazer as obras certas para gerar atividade económica, valorizar os nossos produtos, atrair empresas e investimento e criar emprego.
RB: Quais são as prioridades para o nosso concelho?
JA: A economia e a solidariedade! Precisamos de uma aposta inteligente no desenvolvimento económico e na valorização dos produtos da terra e dos recursos ambientais e culturais de que dispomos. Temos em Caldas de Aregos, em Cárquere, em São Martinho de Mouros, nas nossas áreas arqueológicas, em Montemuro, nas nossas lendas e nos nossos produtos agro-alimentares um grande potencial turístico e de emprego. Por outro lado, precisamos de uma maior sensibilidade social. Apoiar as famílias e os idosos, sobretudo os mais carenciados, é fundamental. Não podemos viver paredes meias com a pobreza, a falta de acesso a cuidados de saúde ou o risco de aumento do abandono escolar. Tenho um programa de medidas focadas nestas áreas.
RB: O que vê nas outras candidaturas à Câmara Municipal de Resende?
JA: Uma continuidade para pior! As cópias são sempre piores que os originais. Na candidatura socialista, junta-se à falta de visão a falta de competência. O meu adversário pouco ou nada sabe sobre as responsabilidades da autarquia! Espanta-me que ainda diga que quer ser um presidente em “part-time”! Eu há mais de 20 anos que trabalho pela minha terra e, profissionalmente, num outro município. Sei bem o que é a gestão autárquica. Vejo também nos atuais titulares do poder um sentido pouco ou nada democrático: assustar os resendenses com mentiras, como o encerramento de serviços públicos, é faltar à verdade e insultar a inteligência das pessoas. Os resendenses não se podem deixar assustar e intimidar.
RB: Como define o atual executivo camarário?
JA: Eu pergunto: como é possível dizer que tudo vai bem em Resende quando somos o campeão do desemprego em Portugal? Como é possível dizer que as cerejas de Resende ganharam com o município quando nem sequer estão certificadas e quando o seu preço é tão inferior por exemplo à do Fundão? Este governo municipal está esgotado e sem ideias. É um executivo com problemas de miopia, para não dizer de cegueira. Realizou muitas obras e contraiu muitas dívidas, mas não é capaz de pôr em marcha uma estratégia ao lado das empresas, do emprego e das pessoas que mais precisam. Tenho comigo uma equipa e um programa para estancar a sangria populacional e económica de Resende. Há uma aposta a fazer nos produtos da terra, no turismo, na atração de investimentos, na solidariedade e no apoio às famílias.
RB: A nível de acessibilidades rodoviárias, Resende encontrasse muito aquém de vários concelhos vizinhos. As estradas nacionais 222-2 (Resende – Bigorne) e 321-2 (Ponte da Ermida – Baião), dois projetos muito importantes para a polução resendense, estarão nos vossos planos como prioritário?
JA: Absolutamente. A obtenção de um compromisso nacional para a construção destas ligações a norte e a sul do concelho é prioritária e constitui uma das medidas do programa do “PSD e CDS Por Resende”. Os resendenses não compreendem como foi possível deixar que se construíssem tantas auto-estradas e tantas SCUT no país sem que Resende ganhasse estas ligações. O município tem de ter uma voz que se faça ouvir para defender os interesses da terra. O actual presidente de câmara parecia tão amigo do Eng.º José Sócrates mas nem isso lhe valeu. Eu trabalharei afincadamente para criar um compromisso entre o Governo, o Município, as Estradas de Portugal e as autoridades que gerem os fundos comunitários, de modo a vermos concretizadas estas ligações.
RB: Como se encontra a rede empresarial em Resende? Quais as medidas necessárias?
JA: O parque empresarial de Anreade está às moscas, como se sabe. Isso diz muito! Nesta área da atração de investimentos e de criação de empresas, por pequenas que sejam, está quase tudo por fazer. Temos de começar por oferecer atractivos de localização a baixo custo, criar um pacote fiscal amigo das empresas e prestar auxílio técnico. O programa “Resende Empreende” vai ajudar a desbloquear estas questões. Vamos criar um gabinete de apoio às empresas, no antigo posto da GNR, que será uma “via verde” para resolver bloqueios de investimento e encontrar incentivos às empresas. Se for eleito, vou empenhar-me também em aumentar os apoios à produção e abate de gado. Outra medida passa pelo apoio à criação de uma cooperativa de micro-produtores para gerar algum rendimento a desempregados e pequenos produtores.
RB: Como candidato à Câmara Municipal de Resende pelo PSD/CDS teve um passado politico. Queira-nos fazer um breve resumo da sua experiência política.
JA: Nos dois últimos anos, fui adjunto do Secretário de Estado da Economia e Desenvolvimento Regional, Almeida Henriques. Acompanhei especialmente os assuntos dos fundos comunitários e as políticas de apoio às empresas. Mas há mais de 20 anos que tenho uma vida política intensa. Exerci diversos cargos partidários e autárquicos, com grande ligação a Resende. Aqui fui deputado municipal e vereador. Profissionalmente, adquiri também uma vasta experiência em gestão autárquica no município de Vila Nova de Gaia, onde trabalhei durante cerca de 10 anos, nos domínios das políticas educativas, do apoio social e da gestão de equipamentos e infra-estruturas.
RB: A que se deve a coligação PSD/CDS?
JA: A minha candidatura é socialmente aberta. É uma candidatura com capacidade de diálogo, com capacidade de juntar pessoas e de somar vontades. A coligação PSD / CDS-PP é uma prova dessa capacidade de diálogo e entendimento em Resende, aberta a outras sensibilidades políticas locais. Infelizmente, nunca vi essa capacidade de unir esforços no meu adversário. Pelo contrário.
RB: Pensa que os resultados nas eleições autárquicas vão ser influenciados pela atual conjuntura nacional e pelo desagrado que existe em relação ao governo PSD/CDS?
JA: Os resendenses sabem que nestas eleições não vão escolher o governo do país! Vão escolher o próximo presidente da câmara municipal para Resende. Vão escolher a equipa que querem a liderar os destinos da terra e o melhor programa! É isso que está em causa. E mesmo que a conjuntura nacional influenciasse as autárquicas, eu pergunto-me a quem essa conjuntura ajudaria. Ainda se lembram qual foi o governo de Lisboa que nos pôs de mão estendida à troika? Que nos pôs à beira da bancarrota sem dinheiro sequer para pagar salários? Era um governo de esquerda liderado por um senhor chamado José Sócrates!
RB: Qual a sua principal mensagem para o povo resendense?
JA: É uma mensagem de esperança e de confiança, no presente e no futuro! Juntos, podemos fazer um destino diferente para nós e para os nossos filhos. O desemprego, o abandono da terra e a emigração não podem ser uma sina! Juntos podemos construir um futuro mais próspero. Às vezes, Resende lembra-me a Branca de Neve adormecida. Somos ricos em recursos, mas estamos pobres e adormecidos. A partir dos recursos da terra, podemos mudar de vida. Temos as nossas aldeias, rio e serra, o Douro e Montemuro, as cerejas e as cavacas, o turismo e o termalismo, património e natureza! E podemos dar passos em frente na solidariedade para com os mais velhos e para com as famílias com filhos. A qualidade de vida tem de ser para todos e não apenas para alguns. Temos um projeto credível e uma equipa competente e unida, que tem recebido, freguesia a freguesia, o carinho dos resendenses.