N
o mês de
Fevereiro há apenas duas sessões de cinema no Auditório Municipal. São elas
"Blue Jasmine" no dia 7 e "Armadas e Perigosas" no dia 21.
Decidi comentar o primeiro por várias razões. Para já porque sou fã do
realizador, também por Cate Blanchett estar nomeada para o Óscar de Melhor
Actriz, e finalmente pelo facto de ainda
não me ter dedicado à visualização da comédia da Sandra Bullock.
Então de que se trata o "Blue
Jasmine"? A sinopse que passo a transcrever diz o seguinte: "Depois de tudo na sua vida se ter
desmoronado, incluindo o casamento com Hal, um rico homem de negócios, a
elegante Jasmine, uma mulher habituada à vida social de Nova Iorque, muda-se
para o modesto apartamento da irmã Ginger, em São Francisco, para se tentar
recompor de novo. Jasmine chega a São Francisco num estado mental frágil, a sua
cabeça num rolo, devido ao cocktail de anti-depressivos que anda a tomar.
Apesar de ainda conseguir projectar a sua postura aristocrática, Jasmine está
mentalmente débil e falta-lhe qualquer capacidade prática de cuidar de si
própria. E desaprova o namorado da irmã, Chili, que considera um falhado, como
o ex-marido dela, Augie. Ginger, reconhecendo mas não compreendendo totalmente
a instabilidade psicológica da irmã, sugere-lhe que trabalhe em design de
interiores, uma carreira que correctamente intui que Jasmine não considere
indigna do seu estatuto. Entretanto, Jasmine aceita com relutância um emprego
como recepcionista num dentista, onde sem o desejar atrai as atenções do patrão,
o Dr. Flicker. (...) Jasmine vislumbra uma potencial hipótese de vida quando
conhece Dwight, um diplomata que é imediatamente seduzido pela sua beleza,
sofisticação e estilo. O problema de Jasmine é que funciona em função da
maneira como é vista pelos outros, enquanto que ela própria está cega em
relação ao que se passa à sua volta."
Eu sou fã de Woody Allen mas tenho
perfeita consciência que nem todos o conseguem ser. O realizador não é um
estilo que agrade a todos, pelo contrário, ou se gosta ou não se gosta. Não dá
para gostar apenas um bocadinho... E no meu caso como já referi anteriormente
na crítica do "Para Roma com Amor" (Novembro de 2012), gosto do Sr.
Allen mas na versão mais recente. O que
aconteceu é que, tal como com o anterior acima referido, depois de ter visto o
"Meia Noite em Paris" não é fácil os filmes conseguirem dar a
sensação de obra prima. Não digo que o "Blue Jasmine" seja mau...
Está tudo lá, as neuroses de Allen, a sátira social, o amor estúpido e louco e o humor negro. E
vale imenso a pena a visualização. Cate Blanchett tem uma interpretação
fantástica. Quando o filme inicia a personagem dela, Jasmine, é já uma mulher
fragilizada apesar de ainda não termos percebido bem o porquê. Com o desenrolar
do filme e as suas sucessivas analepses acabamos por conhecer a verdadeira
Jasmine. Uma senhora da alta-sociedade, com um marido rico e invejável (Alec
Baldwin) e uma vida de estatuto elevado. Ela tem tudo o que uma mulher moderna
almeja. É elegante, rica e tem o casamento perfeito. A vida dá uma reviravolta
quando o marido é preso por burla e se suicida na cadeia. Fica sem nada e vê-se
obrigada a ir morar com a irmã adoptiva pobre e sem classe com quem ela nem
sequer sente afinidade ou ligação. A partir daí começamos a reparar na sua
dependência em anti-depressivos e no facto de por vezes fisicamente ela estar
num local mas ter a mente e o raciocínio no passado dando por si a falar para o
marido, ou seja a falar sozinha, em locais públicos com toda a gente a
assistir. Só pela Cate já valeria a pena ir assistir mas o Woody não decepciona
e reserva-nos uma revelação impensável para o final. "Blue Jasmine"
mostra um Woody Allen em forma profissionalmente, já que pessoalmente a vida do
realizador já esteve melhor. Mas melhor que ele está Cate Blanchet. A actriz
australiana cada vez me convence mais acerca do seu talento. Já esteve nomeada
2 vezes para o Óscar de "Melhor Actriz", agora com "Blue
Jasmine" tem a sua terceira nomeação. Também como "Melhor Actriz Secundária" teve 3
nomeações acabando por vencer em 2005 com a sua interpretaçao em "O
Aviador". Este ano tem como concorrentes ao prémio Amy Adams por
"Golpada Americana", Sandra Bullock por "Gravidade", Judi
Dench por "Filomena" e Meryl Streep por "Um Quente Agosto".
Cate não terá a tarefa facilitada. Ainda só vi a prestação de Meryl Streep que
está soberba mas não duvido da qualidade das outras, princialmente da Dame Judi
Dench. Apesar de achar que Cate não é a favorita para este Óscar aprovo o
"Blue Jasmine" e a sua brilhantemente neurótica e louca personagem.
"Blue
Jasmine" mais logo às 21h30 no Auditório Municipal de Resende.
Bons Filmes e Até Março!
Raquel Evangelina