Hélder Amaral Deputado do CDS-PP |
Estranha-se, por isso, que na reunião do Executivo de Viseu na Freguesia de Cota o Presidente da Câmara de Viseu anuncie, para espanto de todos, uma ligação ferroviária entre Viseu e a Linha da Beira-Alta, deixando cair o projeto anunciado pelo governo de Durão Barroso do eixo Aveiro, Viseu, Guarda, Salamanca, misto de mercadoria e passageiros. O PS e CDS insurgiram-se contra a aparente mudança de discurso do PSD, deixando de revindicar algo que está previsto no Plano Estratégico de Transportes e nas redes transeuropeias. Ou seja, o Presidente da Câmara de Viseu queria apenas a ligação de Viseu à Linha da Beira Alta, numa clara falta de ambição e visão estratégica. Fiz no dia seguinte uma pergunta à tutela, no sentido de saber se da parte do Governo havia ou não uma mudança de orientação. Enquanto aguardo resposta, registo com agrado a mudança de posição do Presidente, ao solicitar na última reunião do executivo que a Ligação Aveiro/Viseu/Vilar Formoso seja um desígnio de todos, sem cores partidárias. Acho bem, mas convém que o PSD/Viseu saiba o que quer, e que não se esconda.
O governo acaba de divulgar um estudo sobre as infraestruturas de valor acrescentado, e nele não consta a dita ligação, ou pelo menos não consta com a clareza que a região merece. Espero a ida ao Parlamento dos autores do estudo para perceber por que razão esta obra importantíssima para a região não é uma obra de valor acrescentado.
O nosso distrito continua a duas velocidades. Sempre que a iniciativa dependeu de privados e das autarquias, o salto foi dado, já não se podendo dizer o mesmo em relação ao investimento e aos compromissos dos diferentes governos. Se é verdade que foram feitos investimento estruturante, como a A25 e a A24, continuamos sem a autoestrada Viseu/Coimbra, sem o IC12 entre Mangualde e Carregal, sendo patente o eterno encravamento do Norte, que também continua à espera do IC26; e sem uma ligação de qualidade do nosso distrito à Serra da Estrela, integrada hoje na Região de Turismo do Centro – o IC37 Viseu/Seia. Estes três troços são vitais para o desenvolvimento do nosso Distrito e para a afirmação de Viseu como cidade-região. Espero que as várias CIM e o Governo não falhem o prometido.
Devemos querer que Viseu saia, definitivamente, do meio da tabela e seja catapultado para os lugares cimeiros. Esperamos consegui-lo, mantendo e estimulando o empenhamento da sociedade civil e dos empreendedores, concertando posições com as autarquias assumindo que a competitividade de um território deriva de uma concertação e complementaridade entre os vários atores do desenvolvimento, e não numa estratégia de conflito permanente. Há ainda debilidades no distrito e na região, do ponto de vista das infraestruturas, acessibilidades rodo e ferroviárias. Apesar da crise, é ainda possível investimento público de pequena dimensão mas com grande impacto na economia da região. Que se promova o investimento em novas tecnologias e serviços, pelo aumento da produtividade e da capacidade exportadora e de internacionalização, tirando partido do mercado ibérico, tão próximo de nós, e das comunidades de emigrantes espalhadas pelo mundo, potenciadoras de crescimento, do ponto de vista do produto e do investimento.
Mas devemos também olhar o futuro que queremos melhor. Viseu terá de assumir-se como uma plataforma de equilíbrio entre o litoral e o interior. Não podemos por isso abdicar da linha Aveiro/Viseu/Salamanca, e deve-se ainda lutar por uma área logística na região de Viseu. No passado, a própria AIRV, pela mão do Eng. Luís Paiva, chegou a falar deste investimento, mas com a falta de ambição de uns e o medo de outros o assunto foi esquecido. É hora de ser prático e ambicioso, para reivindicar a parte que nos cabe do investimento público, hoje e no futuro.