A sessão pública de entrega do Prémio A. de Almeida Fernandes, realizada a 28 de fevereiro último, no Salão Nobre do Teatro Ribeiro Conceição, contou com a presença de ilustres convidados que recordaram e homenagearam o escritor lamecense. Este ano, os membros do júri decidiram, por unanimidade, galardoar a obra “Letrados e Cultura Letrada em Portugal – Secs. XII e XIII”, tendo em conta “a importância da temática, a segurança da estruturação e a solidez das fontes e metodologia”. O júri também deliberou a atribuição de uma menção honrosa ao trabalho “Martyrologium Lamecense (texto e comentário)”, da autoria de Paulo Barradas.
Durante o discurso que proferiu na cerimónia ocorrida em Lamego, Armando Norte explicou que o principal objetivo que orientou a criação da sua obra foi cumprido: “Desde sempre pretendi traçar um retrato do ambiente cultural do reino português para um período relativamente longo, situado ente a fundação do reino e a criação da universidade portuguesa, ou seja, um intervalo que se pode colocar algures entre a segunda metade do século XII, quando o reino emergiu como uma unidade política autónoma, e o final do século XIII, quando o território se começava finalmente a prefigurar como um todo íntegro, a língua se apresentava como uma estrutura já montada e os processos de centralização conduzidos pela monarquia afonsina tinham produzido efeitos irreversíveis ao nível da identidade do tecido social, favorecendo a sua identificação”.
Também Paulo Barradas confidenciou que “ser agraciado no âmbito de um prémio tão reputado como aquele que homenageia A. de Almeida Fernandes é verdadeiramente uma honra. Essa menção honrosa dedico-a e partilho-a com todos os cidadãos de Lamego, dado que foi sobre documentação que é herança coletiva da nossa comunidade que pude alcançar essa distinção”. Sobre “Martyrologium Lamecense (texto e comentário)”, o lamecense classifica-a como “uma peça que marca de forma indelével a história da liturgia medieval portuguesa e, por via disso, a cultura medieval do nosso país. A riqueza das suas particularidades e os agentes que estiveram na origem do seu propósito e manufatura, trazem-nos à memória e ao orgulho, também, a ideia que o Bispado de Lamego e o Cabido da sua Sé Catedral foram edificados por personalidades muito ilustres, lamecenses que nos deixaram as suas vidas e as suas obras como exemplo de como se pode ser distinto e singular, mesmo longe dos grandes centros de decisão. Compete-nos a nós, nos dias de hoje, preservar, estudar e divulgar todo esse património do qual nos devemos sentir orgulhosos e dignos herdeiros; mas herdeiros conscientes, capazes de rentabilizar essa riqueza em desenvolvimento local e em esperança para as gerações futuras”, concluiu.
Reconhecido por reputadas instituições académicas, nomeadamente a Academia Portuguesa de História, o Prémio Armando de Almeida Fernandes já conquistou o reconhecimento dos historiadores nacionais, facto comprovado pela apresentação a concurso de um número crescente de trabalhos.