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Por Unknown | segunda-feira, 23 de junho de 2014 | Publicado em , , , | Com 2 comentários
José Cid esteve em Cinfães para um concerto na Festa de S. João, no passado dia 21 de Junho e esteve à conversa com João Pereira. Falou da vida profissional e pessoal, do passado, do presente e do futuro. Sempre bem disposto, animado e disponível para responder a todas as questões, confessou que vai continuar a cantar até lhe faltar a voz, que está a criar um partido para concorrer às Eleições Legislativas em 2015 e, num lado mais íntimo, que encontrou a mulher da sua vida. Reafirmou ser “a mãe do rock português” e lançou duras críticas a Rui Veloso. Depois de um grande concerto de mais de duas horas, a mostrar que a idade não quer dizer nada, apresentando músicas novas e anunciando o lançamento de um novo álbum para Setembro deste ano, deixou elogios a Cinfães, à região e às gentes. Confidenciou ainda conhecer muito bem Resende.

João Pereira – Depois do que assisti ali fora durante mais de duas horas é inevitável começar por aqui… Considera-se um “dinossauro” da música portuguesa?

José Cid – Eu acho que sou um dinossauro da música mundial, só que nasci em Portugal… (risos) A diferença é essa. [É daí que vem aquela frase “Se o Elton John tivesse nascido na chamusca não teria alcançado tanto sucesso”?] Não, estava feito. Se tem nascido aqui em Cinfães, não existia! E pronto, estou muito contente por isso, muito contente por estar aqui e por poder contribuir para o bem estar do meu país, dar alegria e contribuir como cidadão. Não sei se serei um dinossauro… Eu gostava mais de ser um mito… (risos) Um mito era mais divertido porque o dinossauro é uma chatice, só ossos… (risos).



JP – Tem 72 anos, completados em Fevereiro deste ano. Vai cantar para sempre?

JC – Vou cantar enquanto tiver voz. Eu acho que é horrível as pessoas não perceberem quando deixam de ter voz e continuarem a cantar. Vou dar um exemplo: correr em fórmula um e depois acabar no rally papper lá da aldeia deles. Não vale a pena. Vou cantar enquanto tiver voz… E enquanto Deus me der saúde, claro. Portanto, não é uma questão de idade; é uma questão de ter voz. Houve pessoas na música portuguesa que se arrastaram, no final de carreira, de uma forma muito triste. Mas depois, as pessoas perdoaram-lhes, ficaram mitos à mesma. Mas arrastar-me, não vou arrastar. Não tenho pachorra. Até porque eu sou músico, posso acompanhar outros cantores. Tenho aqui o meu sobrinho, Gonçalo Tavares, o Zé Perdigão… Tenho outros cantores que eu posso acompanhar, que eu posso produzir.

JP – Já tinha estado em Cinfães? O que acha desta região e destas gentes? 

JC – Fabuloso. Público extraordinário! Altamente civilizado, altamente evoluído, aceitou as propostas que eu fiz de inovação no meu reportório porque eu não vi cá só cantar músicas mais antigas e mais conhecidas, vim cantar também cinco ou seis canções totalmente novas e foram recebidas com apreciação, com sensibilidade. Foi isso que eu senti.



JP – É muito importante para si estes concertos? É muito importante cantar ao vivo?

JC – Eu sou um cantor ao vivo. Há cantores que até são melhores do que eu em disco mas não chegam aos meus calcanhares ao vivo. Há pessoas que têm discos espantosos e ao vivo não são tão boas quanto isso e eu se calhar sou o contrário. Para já, também não passo muito na rádio, tenho um braço de ferro grande com a rádio portuguesa. Mas sou um cantor ao vivo; as pessoas não me ouvem nas rádios mas depois querem ver-me e ouvir-me ao vivo e então percebem que eu sou um cantor ao vivo.

JP – Falou nas rádios e eu aproveito para lhe perguntar o seguinte: “Vendedor de Sonhos” é um disco que lança em 1994. Atrás desse disco vem a polémica, quando pousa nu (apenas com o disco a tapar as partes íntimas) para uma revista social em forma de protesto com as rádios portuguesas pela forma como desprezavam a música nacional. Hoje continua a ser assim?

JC – Quer dizer… Eu sofri as consequências disso porque sou boicotado em todas as rádios, não passo em rádio nenhuma. E tenho discos infinitamente melhores que pelo menos 90% dos que passam lá, mas pronto… eu calo-me porque as pessoas depois querem-me vir ouvir ao vivo. Efetivamente, as playlist que apareceram em 1994 vieram destruir completamente a ideia dos radialistas. As pessoas que fazem rádio já não têm opinião pessoal, não podem ter o seu gosto pessoal, não podem ter os seus discos numa saca. “Eu gosto desta música, é esta música que eu vou passar no meu programa. Vou anunciar os autores, vou anunciar os poetas, vou anunciar os interpretes.”, isso não existe hoje. Hoje, a música que passa na rádio faz parte de um puzzle em que uns meninos muito engraçados e umas meninas muito engraçadas que falam pelos cotovelos, que se auto promovem uns aos outros e não promovem aquilo que é a poesia, as bandas, os músicos, os poetas, os produtores… Tudo o que se passa nos bastidores da música que é o mais importante. [Mas consegue ter uma explicação para isso? Acha que é um costume de quem está à frente das rádios nacionais?] É a mudança pela negativa das coisas: a inversão dos valores e depois a falta, inclusivamente de direito, das pessoas que gostam de rádio e que fazem rádio terem uma opinião pessoal e não serem cingidas a uma playlist que lhes impõem e que muitas vezes é feita por estrangeiros em Portugal.



JP - Em 2009 teve mais um reconhecimento do seu trabalho. Foi galardoado pela Sociedade Portuguesa de Autores, sendo o primeiro músico a receber esse prémio. Como se sentiu?

JC – Senti-me bem, mas achei que havia outros que tinham o direito de receber. Mas sendo eu, acho muito bem, fiquei muito contente!

JP – Como é que é isso de ser a mãe do Rock português? ("Se o Rui Veloso é o pai do rock português, eu sou a mãe." in Queima das Fitas do Porto, 2004;)

JC – É simples: quando eu tenho um álbum nomeado entre os 10 melhores álbuns do mundo, pela crítica americana há muito pouco tempo, é ridículo que o pai do rock português não aceite a ideia, não seja capaz de dizer uma vez na vida, “Não, isto não é assim. Eu faço parte do rock português mas atenção, tenho um respeitinho pelo meu amigo e colega José Cid que tem nível mundial e tem uma carreira mundial a nível de rock.”. [Falta-lhe esse reconhecimento em Portugal?] Não, é que o Rui Veloso tem um ego, independentemente da obra dele, tem um ego tão grande, tão grande, tão grande que nunca reconheceu uma pessoa que está ao lado dele e que se chama Carlos Tê, que é um homem genial e que ele nunca reconheceu. O ego do Rui ultrapassa as coisas todas, depois sofre as consequências. Eu na brincadeira disse “Epá tu és o pai, eu sou a mãe!”. A mãe toda a gente sabe quem é, o pai… Então, é o que se passa. Acabou.

JP – Em 1969, o seu primeiro disco a solo é proibido pela censura. No ano em que se completam 40 anos depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, quer fazer uma comparação sobre o tempo de Salazar e o tempo que vivemos agora? Portugal está melhor?

JC – Eu acho que o povo português é o melhor povo do mundo. O 25 de Abril é um movimento que falhou em termos económicos e sociais porque aumentou a pobreza e não aumentou a riqueza. O papel do 25 de Abril era aumentar a riqueza e a classe média, não destruí-las. E pressionar e tachar as pessoas com maiores fortunas porque deviam ser tachadas! O 25 de Abril permite offshores escandalosos, faraónicos lá fora. Eles têm todos um conluio medonho, os políticos entre eles: os amigos dos amigos, dos amigos… Toda a gente sabe que eles têm offshores lá fora. Só os offshores que estão fora de Portugal, se fossem transportados para Portugal, não era para tirar às pessoas que são donas deles mas para obrigar essas pessoas a pagar juros e impostos sobre esses offshores, estava resolvida grande parte da crise económica em Portugal. Isso não é feito porque este sistema é perverso. É um sistema que não presta. Não é um sistema cultural, não é um sistema humano, não houve as pessoas e no dia em que nos integramos na Europa perdemos a nossa identidade política porque somos mandados lá por fora, perdemos a nossa identidade económica e só nos resta uma que é a identidade cultural. E é de tal maneira ridículo e mal pensado este país que nem um Ministério da Cultura temos e ainda por cima tivemos vários ministros anteriormente que eram da Cultura mas que nem sequer eram cultos. Ser culto não é ler muita coisa; É ser culto e ter criatividade, acompanhar essa cultura com criatividade. É um país mal pensado, é um país que tem que mudar. Eu estou a formar um partido que se chama “Nós Cidadãos” em que vamos ter um partido que tenha uma mesa redonda a mandar nele, de pessoas de vários quadrantes que interpretem o sentido do povo em geral, que não tenham offshores, que não sejam corruptos, que sejam culturais, que sejam humanos e que oiçam as pessoas, porque o grande mal destes sistemas políticos últimos é que não ouvem o povo. Não ouvem nem estão dispostos a fazê-lo. Já sabem tudo e como diz o Sr. Presidente da República: “Sabe tudo e não tem dúvidas.”, portanto, são sistemas que não prestam! Eu não gosto deles, sou mais velho que eles porque eu sou mais velho que o Presidente da República e o Primeiro-Ministro e tenho direito a ter uma opinião. Eles não vão ficar na história por tudo aquilo que não têm feito. Têm visto o país ir-se embora e não fizeram nada, rigorosamente nada! E eu estou a formar neste momento um partido que vai tentar concorrer às Eleições Legislativas em 2015 para convencer que há alternativas a este conluio entre o Partido Socialista e a Social Democracia. [As pessoas estão cansadas de alguns partidos?] Pois estão! A abstenção que se passa neste país é a prova cabal que há outro partido fora dos partidos que é muito maior que eles.



JP – Descobri que se assume como monárquico e anarquista. Porquê? Não se revê na República?

JC – Eu sou monárquico mas não sou monárquico por elitismo ou por nobrezas de promoção social. Eu sou monárquico porque os sistemas monárquicos, com defeitos, são os sistemas mais perfeitos do planeta. Os sistemas monárquicos do Norte da Europa são os sistemas mais culturais, são sistemas onde há melhor nível de vida e são sistemas mais justos. Paga-se impostos, imensos. Mas os nosso filhos podem ser educados a custo zero, se adoeceres és tratado nos melhores hospitais do planeta a custo zero. Paga-se impostos mas sabe-se que se tem retorno. Aqui tu pagas impostos e nem sabes para onde é que os impostos vão. São sistemas mais perfeitos, não serão totalmente perfeitos. Só Deus é perfeito e mesmo esse não se revela; porque se fosse perfeito não deixava haver tanta injustiça no mundo. A minha ideia é um sistema monárquico que copie os parâmetros do Norte da Europa porque são mais culturais, menos corruptos e mais equitativos e que defenda a ideia de um país mais justo porque nós, volto a repetir, somos o melhor povo do mundo. Portugal tem o melhor povo do mundo!  Desde o Marquês de Pombal não tem sido bem pensado…

JP – Falou em Deus mas já não canta “Amar como Jesus amou”. Porquê?

JC – Não porque já não temos fumos no palco para infestar as criancinhas com máquinas de fumo… (risos) Era o meu sobrinho que está ali, o irmão e o chico que apontavam as máquinas de fumo para cima das criancinhas… (risos) Eu acredito em Deus, mas é de outra forma!

JP – Depois de várias participações no Festival da Canção, em 1980 vence com a canção “Um grande, grande amor”. De seguida, no Festival da Eurovisão da Canção, conquista o 7º lugar entre 19 concorrentes, uma das melhores classificações de sempre de Portugal. É um momento importante na sua carreira? Acha que hoje em dia se desvaloriza o Festival da Canção?

JC – Não. Foi uma teimosia. Eu tinha ficado seis vezes em segundo lugar e jurei que um dia havia de ganhar. E foi simples: aliei-me ao inimigo; passei para a editora que normalmente ganhava os festivais todos os anos e resolvi ganhar! E no dia em que eu resolvi ganhar tinha políticos a apoiar-me. Sá Carneiro tinha dito: “Este ano é aquele gajo que eu quero que ganhe!”. Por acaso eu tinha guardado a canção com que eu queria ir à Eurovisão dentro da gaveta e achei engraçadíssimo o desespero com que alguns gajos em Portugal que tinham jurado que eu nunca iria à Eurovisão me veem ir para lá como favorito. O Festival da Canção hoje é uma coisa que não tem interesse nenhum a não ser para apreciar a tecnologia e a produção do espetáculo em si. O resto é completamente ridículo: a forma como televisão portuguesa seleciona a canção lá para fora é impensável!

JP – Disse numa entrevista ao Daniel Oliveira no Alta Definição, há uns anos, que “não tinha pachorra para uma mulher todos os dias”…

JC – Mas agora tenho! As pessoas podem mudar… Encontrei a mulher da minha vida, muitos anos depois. Tínhamos tido um grande romance na Austrália, há 30 anos atrás. Ela era refugiada timorense, era jornalista. Hoje reencontramo-nos e a minha atual mulher é para o resto da vida, é fantástica.

JP – “Nasci pra música” é a história da sua vida?

JC – Eu acho que “Menino prodígio” começa a ser mais a história da minha vida porque estou quase a ser levado pelos braços de Orfeu e morri. O menino prodígio que eu era morreu, o epitáfio sou eu, como diz na canção. E é uma forma de dizer ao público que eu venho aqui para os divertir, para os fazer alegres, para agitarem os braços, curtirem as ideias e estarem numa boa!

JP – José Cid, muito obrigado!

JC – Eu é que agradeço!
Por Unknown | sexta-feira, 13 de junho de 2014 | Publicado em , | Com 0 comentários
Depois de muitos anos, o Pavilhão Municipal de Resende vai voltar a receber um torneio da modalidade rainha dos pavilhões, o futsal, em 24 horas. É já desta Sexta para Sábado, que 19 equipas, oriundas de Resende e de toda a região, vão lutar para conseguir chegar ao 1º lugar desta competição.

A organização é de vários praticantes deste desporto no concelho, mas conta com o apoio do Município de Resende e da Junta de Freguesia de Resende.

Esta Sexta-feira a partir das 20h, e pela noite dentro até à noite de Sábado, um evento a não perder para os amantes do desporto e, em particular, do futsal, no Pavilhão Municipal de Resende.

João Pereira
joaopereira@noticiasderesende.com







Por Unknown | quarta-feira, 11 de junho de 2014 | Publicado em , | Com 0 comentários
Andar pelas ruas da vila de Resende nos dias 31 de Maio e 1 de Junho, só a pé… e a passo de procissão! Milhares de pessoas não quiseram perder mais uma edição do já tão tradicional Festival da Cereja de Resende.

O certame deste ano teve início oficial no dia 31 pelas 10H da manhã, com a abertura das barracas de venda de cereja mas também as de artesanato. Durante o dia de Sábado, a animação começou também cedo com vários grupos do concelho e prolongou-se até à noite onde encerrou com um concerto da Banda “A nova” de S. Cipriano nos Paços do Concelho.

Domingo, dia principal deste Festival, o cenário repetiu-se com a abertura das bancas às 10H e a animação pelo dia, mas o ponto mais alto foi as 15H, quando o cortejo temático intitulado “Dos direitos da criança aos direitos da cereja”, que contou com mais de 900 crianças dos estabelecimentos de ensino do concelho e com vários carros alegóricos, saiu à rua. “Isto é um complemento à venda da cereja, uma colaboração das escolas com a Câmara Municipal e estamos muito satisfeitos. É fenomenal ver estas crianças a desfilar pelas ruas”, disse o Presidente da Câmara Municipal de Resende, Garcez Trindade, sobre o cortejo temático que este ano se juntou ao Dia Internacional da Criança.


A cereja, rainha destes dias, esgotou no final do Festival, informação que a Câmara Municipal confirmou nos dias seguintes, uma vez que o Presidente do Município já tinha dado indicações nesse sentido ao Notícias de Resende durante o certame: “No Sábado, que costuma ser um dia, vá lá, suficiente, disseram-me que foi um dia muito bom e isso significa que provavelmente hoje, Domingo, estará bem melhor.”

Noutro tema que está na ordem do dia, a economia local e nacional, Manuel Trindade reiterou que este evento é muito importante nessa vertente e garantiu que a Câmara Municipal e os produtores deste fruto no concelho estão interessados em aumentar a escala de produção e a qualidade da cereja. “Estamos na construção desse projeto que irá, eventualmente, ser candidato a fundos comunitários para pôr a disposição dos produtores.”

O XIII Festival da Cereja acabaria por chegar ao fim de mais uma edição, já sem cerejas para venda, por volta das 18H30 de Domingo, dia 1 de Junho, mas não sem antes o Notícias de Resende ouvir António Borges que lançou duras críticas à comunicação social nacional, mas não só. “Eu devo dizer que fico magoado quando se faz, como se fez este ano, uma campanha contra a cereja de Resende e muitos dos seus produtores não reagem a uma manipulação da opinião pública que prejudica os seus interesses e prejudica a marca «Cereja de Resende». [Mas fala da comunicação social nacional?] Falo de alguma comunicação social nacional que é muito imprudente naquilo que faz. Nós sempre tivemos aqui muitos problemas no passado quando produtores de outras regiões vinham aqui comprar caixas para depois meter cerejas de outras regiões nas caixas de Resende e, portanto, num ano que é um ano difícil se procura tentar inverter aquilo que é o valor de uma marca nós temos que reagir e isso não nos pode deixar insensíveis e temos que ser capazes de reagir. Resende tem cerca de ¼ da produção nacional de cereja, seja qual for o ano agrícola, seja ou ano melhor ou pior de cereja nós temos sempre muita e boa cereja.”, atirou o Presidente da Assembleia Municipal, António Borges.

João Pereira
joaopereira@noticiasderesende.com
Por Unknown | quarta-feira, 4 de junho de 2014 | Publicado em , | Com 0 comentários
Lupita Nyong'o é provavelmente a mulher negra mas falada nos últimos tempos. A vencedora do Óscar de Melhor Atriz Secundária da edição deste ano saltou para a fama com a sua prestação no filme “12 Anos escravo”. E porque começo esta crítica com ela? Porque este mês o auditório municipal de Resende traz  Lupita em dose dupla. No dia 13 de Junho é exibido o thriller “Non Stop”, onde a atriz se junta a atores de renome tal como Liam Neeson e Julianne Moore. Por sua vez no dia 27 é exibido o já acima referido “12 Anos escravo”. E é precisamente sobre o segundo, vencedor do Óscar de Melhor Filme, que irei falar.

Segundo a sinopse “Na pré-Guerra Civil dos Estados Unidos, Solomon Northup, um homem negro livre de Nova Iorque, é raptado e vendido como escravo. Enfrentando a crueldade mas também momentos de  inesperada bondade, Solomon luta não só para se manter vivo, mas para preservar a sua dignidade. Após 12 anos de uma odisseia inesquecível, Solomon conhece um abolicionista do Canadá que vai mudar para sempre a sua vida.” O filme faz jus ao prémio que recebeu. “12 Anos escravo” é uma história comovente e chocante que mostra as tormentas pelas quais os negros passaram às mãos de pessoas que se achavam superiores devido ao seu tom de pele. Eu faço parte do grupo que sente vergonha ao ver as atrocidades que os nossos antepassados fizeram. O facto de se acharem donos e senhores de seres inferiores, de os considerarem objectos descartáveis que se poderiam usar para os mais diversos fins, sendo o profissional e sexual os mais usuais, e depois simplesmente poderem ser “deitados fora” muitas vezes até abatidos a tiro não abona a favor de uma raça chamada superior. Superior em quê? Se prestarmos atenção ao filme de Steven McQueen as personagens superiores são as negras, porque apesar da crueldade que lhes é infligida são corajosas, têm esperança, entreajudam-se… Sempre com a ideia de que um dia o sofrimento acabará e poderão ser livres e viver em igualdade.

Chiwetel Ejiofor tem o papel da vida dele. O actor com carreira profissional desde 1996 consegue agora destacar-se como Solomon. É possível ver o sofrimento da personagem através do olhar, de expressões faciais. Por certo que o verdadeiro Solomon se cá estivesse concordaria que a escolha do realizador não poderia ser melhor. Acompanhamos as tormentas, as dores, a revolta como se fossemos nós.

Michael Fassbender é brilhantemente detestável como Edwin Epps. O dono dos escravos é louco, desvairado e com acessos de raiva repentinos na relação amor-ódio que tem uma escrava. Se por um lado a detesta por ser negra e inferior, por outro a detesta ainda mais por amá-la e ser rejeitado. A cena em que a chicoteia é talvez a mais abominável de todo o filme e a que demonstra o quão bom actor ele consegue ser. Porque apenas um bom profissional consegue interpretar tão bem alguém e fazer-nos gostar de um ser do mais reles e baixo que pode haver como é a sua personagem.

Destaco ainda Benedict Cumberbatch no papel de Ford. O britânico, conhecido pela sua gentileza e educação e que normalmente encarna personagens igualmente gentis e educadas, não foge à regra neste filme. Ford tem escravos porque toda a gente tem. Trata-os bem, dentro das possibilidades, e acaba por ceder aos seus pedidos devido ao bom coração. É o melhor patrão que Solomon poderia ter, e só não faz mais por ele porque não pode. É a personagem que nos faz restituir a fé no homem branco, é aquele que apesar de toda a tirania que o rodeia consegue ser bondoso e justo. Chega uma altura que não associamos o Ford e sim o Benedict quando o vemos no ecrã.

O mesmo se passa com Brad Pitt, ele que tem um papel pequeno mas importante no desenrolar do filme aparece como ele próprio. Não, o sr. Pitt ainda não era vivo no final do Séc. XIX, mas conhecendo as causas humanitárias em que está envolvido e os ideais que defende quando vemos a sua personagem pensamos “É o Brad Pitt”.

Para terminar e voltando ao início desta crítica temos a Lupita. Lupita N’yongo tem em Patsey o seu primeiro papel no grande ecrã. Agarrou a oportunidade, interpretou da melhor maneira e levou o Óscar de Melhor Atriz para casa. Mais que merecido. A Patsey é talvez a personagem mais violentada e sofredora de todo o filme. O simples facto de ir comprar sabão para se poder lavar faz com que seja chicoteada até ficar em carne viva. E se custa vê-la a ser chicoteada pelo patrão, custa mais ainda quando Solomon é obrigado a fazer-lhe isso. Toda a gente sabe que o que está a acontecer no filme não é real. Mas é impossível não sofrer juntamente com ela nessa cena do filme. Nessa e em outras nas quais Patsey é brutalmente castigada. O único crime da personagem é talvez o de ser atraente para o patrão. O que faz com que tão depressa a ame como depois num acesso de raiva a espanque. O facto da patroa morrer de ciúmes por ela não ajuda à sua sobrevivência. E mesmo assim Patsey é simples, e não quer que tenham pena dela, quer apenas poder sobreviver mais um dia.

“12 Anos escravo” é isso. O retrato brutal, porém verdadeiro, de um negro que nasceu na época errada. Numa altura em que eram considerados inferiores, infelizmente hoje em dia ainda há quem pense assim, o lixo da sociedade e que eram meros animais e instrumentos de trabalho. Steve McQueen retrata fielmente esta mancha da história da Humanidade. Mancha essa que gostaríamos que fosse removida. Mas se não o podemos fazer convém lembrar em vez de tentar esquecer. É um filme que merece um olhar atento e uma reflexão da nossa parte das asneiras que fizemos. Do facto de falarmos tanta vez que os negros são selvagens e não nos lembrarmos que nós é que invadimos o seu espaço, que se fosse ao contrário talvez fossemos nós os revoltados hoje em dia. Porque enquanto nos lembrarmos das coisas não cairemos na tentação de as tornar a repetir. Pelo menos assim espero.

Bons filmes!
Raquel Evangelina
Por Unknown | | Publicado em , , , | Com 0 comentários
No passado dia 30 de maio, a Governadora do Distrito 1970, Goreti Machado, visitou o concelho de Resende. Iniciou a sua visita, deslocando-se a um estabelecimento de ensino de referência, no distrito de Viseu, o Externato D. Afonso Henriques, onde foi recebida pelo seu Diretor Padre José Augusto Marques.

“Está a comemorar os seus 50 anos. No início o Externato era situado em Massas, perto da escola preparatória, e desde 1979 no lugar atual, Largo da Igreja. Trata-se de uma obra feita por etapas, à medida das possibilidades, e foi feita sobretudo com a coragem e dedicação do antecessor do diretor, Padre Martins” refere Pe. José Augusto Marques, dando a conhecer a Escola de Ensino Particular e Cooperativo.

A escola atualmente tem 11 turmas, cerca de 300 alunos. “O Externato tem vindo enfrentado um grave problema, com a diminuição de alunos devido à baixa taxa de natalidade no concelho, não chegando a 70 nados por ano. Tendo no concelho uma média de 140-150 alunos por ano. Esta situação põe em causa postos de trabalhos, como docentes, funcionários e outros.”

“O Externato também se tem debatido com outro problema, as baixas espectativas dos alunos, porque em virtude da classe média e baixa, e com a quantidade de famílias que estão dependentes de subsídios, seja de desemprego ou rendimento social de inserção, veio de certo modo transformar a mentalidade do concelho e dos alunos. A luta por objetivos maiores tem dificultado em muito o trabalho da escola.”

Goreti Machado refere que “esta escola sobrevive com a sua qualidade. Este tipo de Escolas de Ensino Particular e Cooperativo fica mais barato ao estado. O governo deveria olhar mais para este tido de ensino.”

“Todas as estruturas desta escola foram custeadas pela instituição, enquanto que existem derrapagens do Parque Escolar, custos acrescidos ao estado, sendo a realização destas obras insustentável”, diz Pe. José Augusto Marques.

O Externato D. Afonso Henriques quer continuar a primar pelo ensino de qualidade. Procurando manter o ambiente familiar, uma garantia para preservar e manter. É nesta perspetiva que a escola orienta o seu projeto educativo, sendo a sua mais-valia, “enquanto nos deixarem”.

Na reunião ainda se falou nas dificuldades do concelho de Resende, como as fracas ligações rodoviárias, tecido empresarial pouco desenvolvido e elevada taxa de desemprego.

Para finalizar a visita ao Externato D. Afonso Henriques, Goreti Machado reforça que “tem de haver um luta grande para que esta casa continue a dar os frutos que tem dado. Os melhores defensores para que esta instituição continue, e a formar pessoas com qualidade, que são o futuro de Portugal, são as pessoas que passaram por aqui. Será necessário reunir através de um encontro aqueles que estão a desempenhar funções por este país fora, e contar-lhes o perigo que esta instituição está a correr. Sendo algumas políticas não favoráveis a este tipo de ensino. E é deste ensino que saem os bons políticos, os bons gestores. Está na altura de arranjar de um núcleo duro para enfrentar o que virá daqui para a frente. É a altura de reunir as tropas”.

De seguida deslocou-se à Câmara Municipal de Resende onde se reuniu com Sandra Pinto, vereadora com o pelouro da educação, animação e cultura. Deu a conhecer a organização e deixou um desafio ao município. O desafio seria uma parceria entre o Rotary Club e a Câmara no sentido de criar um programa, Rotary Youth Leadership Awards (RYLA), tendo a ver com a identificação de líderes, e promoção de liderança dentro da juventude. Podendo ser feito com jovens locais e de outras regiões. Os custos deste programa seriam relativos, sendo mais necessários apoios logísticos. Tendo como objetivo aproveitar a dinâmica, filosofia e pujança da juventude, “para abrir Resende”.

A Srª Governadora, Goreti Machado, ainda teve oportunidade de provar as deliciosas cerejas de Resende na Cermouros, empresa de Resende que se dedica a comercialização deste produto de excelência do concelho de Resende. Realizou ainda uma reunião de trabalho com o Rotary Clube de Resende, onde deu uma palavra de estimulo e de apoio ao Clube local. E terminou o dia num animado jantar festivo de confraternização.

Alguns alunos da Universidade Sénior, acompanharam a Sra Governadora durante este périplo, demonstrando o seu apoio ao Rotary Clube de Resende neste dia tão marcante para o Clube.

O Rotary Clube de Resende teve ainda oportunidade de presentear a Sra Governadora com um cheque destinado a fundação Rotaria Portuguesa, flores oferecidas pelo Horto do Bulho, Sabonetes Aregos e o livro “Caldas de Aregos As Águas Milagrosas do Douro” oferecidos pelos responsáveis da Douro Memories.

Rafael Barbosa