O presidente da Junta da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão, Marco Matos, explicou hoje à agência Lusa que o novo executivo, com a ajuda de uma empresa de advogados, analisou as contas e chegou à conclusão de que "não batem certo".
"Há ordens de pagamento que não coincidem com cheques, há cheques em que não aparecem ordens de pagamento, há uma disparidade grande de valores", referiu, avançando que está a ser também preparada uma participação para entregar na Polícia Judiciária.
A extinta freguesia de Feirão tinha uma população residente de perto de 130 pessoas e, segundo a Junta da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão, "pelo menos desde 2008, a Junta tinha uma receita anual na ordem dos 80 a 90 mil euros", podendo beneficiar, anualmente, "cada um dos seus habitantes, em média, em 680 euros".
"Alguns terão beneficiado bem mais do que o devido, pois as contas foram entregues a negativo e sem receitas para o último trimestre de 2013", refere na denúncia.
Pelos cálculos do novo executivo, "nos últimos anos passaram pelas contas da Junta de Freguesia de Feirão e foram, por isso, movimentados pelo seu executivo, bem mais de 500 mil euros".
Já depois de o anterior executivo ter perdido as eleições autárquicas, "foram sacados da conta da Junta mais de 30 mil euros" e "emitidos 16 cheques, alguns deles ao portador e na ordem dos milhares de euros", alguns dos quais "levantados por pessoas próximas ao executivo da Junta", acrescenta.
A Junta da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão acusa ainda os três membros da extinta Junta de Feirão de, nos últimos três meses em exercício, terem tirado "mais de 70 mil euros, sendo que num pagamento a um construtor alegam o pagamento de uma obra realizada em 1999".
Contactado pela Lusa, o antigo presidente da Junta de Freguesia de Feirão, José Monteiro, considerou que Marco Matos "não sabe o que diz ou então está de má-fé".
"Desde 2008, a Junta recebeu cerca de 500 mil euros das rendas, no entanto, é preciso não esquecer que o executivo viveu apenas desse dinheiro", porque a Câmara de Resende "nunca deu qualquer cêntimo ou realizou qualquer obra na Freguesia de Feirão, por não ser da mesma cor política", justificou.
José Monteiro apontou uma vasta lista de obras que deixou feitas, de que são exemplo a requalificação de todas as ruas de freguesia, a reconstrução de fontes e lavadouros, a requalificação da zona envolvente do cemitério novo, a abertura de caminhos e a construção das casas de banho públicas.
O antigo autarca lembrou ainda que contratou "o serviço de duas enfermeiras para prestarem apoio, mensalmente, a toda a população," e que deu "dias de trabalho às pessoas da população que não trabalhavam (e, por isso, tinham carências) na limpeza de todas as ruas e caminhos da freguesia".
"Nunca houve qualquer tentativa do atual executivo em esclarecer qualquer dúvida. Nunca me telefonou nem nunca solicitou qualquer esclarecimento por escrito", lamentou.
José Monteiro garantiu que "o dinheiro está todo justificado e com documentos", explicando os pagamentos feitos com o facto de querer "honrar todos os compromissos com quem contratou, não deixando dívidas para quem ganhasse as eleições".