Acácio Pinto Deputado do PS |
Foi demasiado confrangedor assistir a esta reunião magna dos dois grupos parlamentares que suportam o governo. Nenhuma ideia nova, nenhum projeto, quando, normalmente, estas reuniões são aproveitadas para lançar novas ideias e novos projetos para o futuro, neste caso para a governação do país.
Em boa verdade, face ao esgotamento do governo, a expetativa também não poderia ser elevada.
Assistimos a uma “passerelle” de governantes a debitarem banalidades e dois líderes parlamentares a dizerem que, apesar de forçados, têm que celebrar o casamento para as legislativas.
Passos Coelho, em desespero de causa, ainda atirou para o ar com a necessidade de um acordo para a segurança social com o partido socialista. Um acordo a menos de um ano das eleições legislativas, um acordo em plena pré-campanha eleitoral. Mas um apelo que mais não é do que uma desesperada tentativa de encontrar um argumento que lhe permita dizer que ele até quis fazer acordos com a oposição.
O que é facto é que já não há nenhum incauto que caia nesta falaciosa argumentação, já não há ninguém de boa-fé que não saiba que este ensaio mais não é do que uma lamentável retórica de quem estando acossado tenta uma fuga desesperada.
No mesmo sentido, Nuno Crato, o “não-ministro” da educação, veio atirar com a necessidade de se estabelecer um compromisso com a oposição com a finalidade da resolução dos problemas da colocação de professores, como se isto fosse um problema que tivéssemos. Não, este problema da colocação de professores é um problema que este governo criou com a legislação que ele próprio produziu. E se assim é o que se lhe exigia era uma declaração prévia, dizendo que o problema legal que está a causar graves problemas aos alunos portugueses, é um problema legal resultante da legislação que ele produziu em 2014.
Ou a ministra da justiça vir dizer que ela não tem qualquer responsabilidade ante o colapso do ano judicial por causa do citius e debitando elogios (em causa própria) à sua reforma, onde ninguém, nem mesmo as magistraturas, encontra racionalidade e virtudes, como se a primeira responsável do ministério não seja a própria ministra.
Enfim, só de um governo sem soluções e de um primeiro-ministro completamente esgotado podem sair ataques a todos quantos não veem o “milagre económico” conseguido. Da oposição ainda vá que não vá, agora dos jornalistas e dos comentadores, desses “patéticos” e “preguiçosos” isso não é admissível!
Perdoai-lhes senhor!
Acácio Pinto