O contexto histórico-musical deste concerto abarca desde hinos do canto medieval gregoriano, como Aurea luce, em honra de S. Pedro e S. Paulo, e ambrosiano, como Te lucis ante terminum, uma oração medieval recitada no final do dia, para nos proteger de todos os perigos físicos e espirituais da noite, passando pela música associada ao rito bracarense e ao ofício litúrgico de Guimarães, dos séculos XVI e XVII, respetivamente, até a alguns dos mais ilustres compositores da época de ouro da polifonia portuguesa: Frei Manuel Cardoso, Duarte Lobo, Filipe de Magalhães, Vicente Lusitano, Pedro de Escobar e João Lourenço Rebelo.
Este último representa um dos expoentes máximos da produção musical do Portugal seiscentista, tendo sido um dos compositores que, mesmo sem sair do país, esteve em contacto com técnicas e estilos de composição que floresciam noutros países. Em consequência disso, a sua escrita valorizou o contributo de grandes coros, à maneira veneziana.
Esta particularidade torna-se evidente no motete Panis angelicus, escrito para sete vozes, criando um cenário rico e cheio de falsas relações harmónicas. A música de Rebelo tem características próprias, abordando sonoridades pouco vulgares na época em Portugal, mas ao mesmo tempo herdeira da grande tradição do rigoroso contraponto quinhentista.
Ao explorar dramaticamente o esplendor arquitetónico dos espaços interiores dos edifícios, recorrendo a apresentações encenadas e a equipamento luminotécnico portátil, é o nosso desejo proporcionar ao público uma experiência única, viajando pelo tempo através da música portuguesa de vários séculos.