O programa arrancou da melhor maneira com a atuação do Coro Gregoriano do Porto, na Igreja de Santa Marinha do Zêzere, homenageando Orlando de Carvalho cantado quatro poemas da sua autoria “Outono”; “Natal”; “Sombra” e “O vosso livro, Mães”
Seguiu-se a abertura da Exposição de Fotografia de Ricardo Fonseca, na Biblioteca dos Serviços Municipais de Santa Marinha do Zêzere.
“Regresso às Origens” foi o nome dado à exposição de fotografia pelo seu autor. Natural do concelho, o autor reuniu, naquela mostra, vinte e cinco imagens algumas das quais captadas no concelho de Baião, mas também outras resultantes das suas viagens feitas pelo país e pelo estrangeiro. A iniciativa permanecerá naquele espaço entre dezembro e janeiro e permitirá apreciar retratos mas também fotografia de paisagem e de natureza.
Integrou o programa a apresentação do livro “O Meu Mestre”. A autora Maria Margarida Moreira, abordou a importância da filosofia para a sociedade contemporânea. “Só através da filosofia podemos ir ao fundo dos problemas, encontrar soluções e levar as pessoas a questionar a realidade que os rodeia” observou a autora, que deu a conhecer a sua obra na biblioteca dos Serviços Municipais de Santa Marinha do Zêzere.
A Banda de Música da Casa do Povo de Santa Marinha do Zêzere também foi “chamada” a participar nesta tarde cultural e brindou todos os presentes com belíssimas e animadas atuações.
O debate
“Em Santa Marinha do Zêzere, a nossa fonte de inspiração foi e é Orlando de Carvalho”, foram as primeiras palavras de José Luís Carneiro, presidente da Câmara Municipal de Baião, na sessão de abertura que antecedeu o debate.
A mesa da sessão de abertura foi constituída, para além do presidente da Câmara, pelo presidente da Assembleia Municipal de Baião, José Pinho Silva, pelo Presidente da Junta de Freguesia de Santa Marinha do Zêzere, António Carvalho e pelos três elementos da Comissão da Sala de Estudos e de Documentação do Doutor de Carvalho (SEDOC), designadamente José Manuel Teixeira de Sousa (coordenador do SEDOC), Helena Carvalho (sobrinha de Orlando de Carvalho) e Isabel Costa e Almeida (ex-aluna de Orlando de Carvalho).
O presidente da edilidade agradeceu aos elementos da comissão do SEDOC pelo trabalho desenvolvido “em torno da figura ímpar, do ponto vista académico e intelectual, que foi Orlando de Carvalho e, a generosidade da sua sobrinha, Helena Carvalho, pelo espólio doado à Sala de Estudos e de Documentação do mesmo. Muito obrigada pelo vosso voluntariado e por nos ajudarem a solidificar mais um “elemento” da cultura baionense”.
Seguiu-se o debate liderado por Alberto Martins, ex-Ministro da Justiça, deputado da Assembleia da República e ativista na maior “crise académica” de Coimbra, em 1969, moderado pelo coordenador do SEDOC, José Manuel Teixeira de Sousa e acompanhado por Ruben Alves, presidente da Federação Académica do Porto e Pedro Romeu, presidente da Direção da Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
As lutas académicas e a sua atualidade social foi o tema que levou os seus intervenientes, de duas gerações completamente distantes, a refletir em voz alta dentro de um auditório com cerca de oito dezenas.
“ Uma grande inspiração, um génio, um gigante, um humanista, uma figura cultural e luminosa dos anos 60 na Universidade de Coimbra” , foram os adjetivos mais fortes usados por Alberto Martins para descrever o professor de Direito, Orlando de Carvalho.
Alberto Martins durante a sua intervenção relatou vários episódios vividos por si na crise académica de 1969, quando os estudantes da Universidade de Coimbra afrontaram o regime, clamando por mais direitos, democracia e melhor ensino. Tentou com esses episódios retratar aos jovens que se encontravam ao seu lado no debate e ao público, o Portugal dos anos 60 e a força do movimento estudantil contra a ditadura.
Ruben Alves e Pedro Romeu afirmaram que “hoje lutamos para garantirmos uma educação de qualidade e de igualdade para todos, independentemente da capacidade financeira de cada um. Nada comparável com a luta dos anos 60, onde até a liberdade de expressão era proibida”.