No setor da saúde o distrito apresenta exemplos gritantes de como os últimos discursos proferidos em Viseu por responsáveis políticos, alguns de grande notoriedade nacional, nada têm a ver com a realidade e com o cidadão comum.
A Federação de Viseu do Partido Socialista vem alertar para essa grande distância entre as palavras e os factos que não deixam quaisquer dúvidas.
1. Em Resende faleceu um cidadão sem assistência de um médico quando vivia a cerca de 30 metros do Centro de Saúde, numa segunda-feira e em pleno dia.
O SAP de Resende esteve sem médico nas duas últimas segundas-feiras de Janeiro, e nas quatro segundas-feiras de Fevereiro, no seu horário diurno. Não foi possível numa dessas fatídicas segundas-feiras a assistência pelo Centro de Saúde de Resende a um cidadão, que vivia a cerca de 30 metros daquela unidade, porque não havia médico. Faleceu na ambulância e a poucos quilómetros de casa no transporte para um concelho vizinho. Uma situação que foi amplamente tratada pela comunicação social e objeto de forte contestação dos familiares.
2. No Hospital de Lamego faltam recursos e respostas que transmitam confiança no serviço prestado
Para servir uma população de cerca de 100 mil habitantes da região do Douro Sul, o hospital foi inaugurado no início de 2013 pelo Ministro Paulo Macedo, tendo apenas 30 camas com uma taxa média anual de ocupação superior a 145%.
O internamento de doentes em macas e nos corredores é uma ocorrência diária, permanecendo nesta situação por vários dias. No serviço de radiologia o ecógrafo funciona apenas duas vezes por semana e não há aparelho TAC.
Todos os doentes que necessitem deste exame médico de diagnóstico são enviados para Vila Real de ambulância. No ano passado, 1750 pessoas foram deslocalizadas a Vila Real só para efetuar este exame médico, com os custos inerentes ao seu transporte. O Banco de Sangue foi suspenso há largos meses e a inexistência de reservas para transfusões em situações de emergência coloca em sério risco a população. Há uma ala completa do edifício hospitalar que nunca foi posta a funcionar e está desativada. O serviço de urgência apenas tem as especialidades de cirurgia e medicina, sendo os mesmos médicos que asseguram em simultâneo o acompanhamento dos doentes internados nos serviços de medicina e cirurgia ambulatória e de urgência.
A cirurgia de ambulatório de ortopedia foi suspensa há quatro meses e as consultas externas de endocrinologia foram suspensas há dois meses.
A escassez grave de recursos humanos é mais que evidente e, por exemplo, ao nível dos assistentes operacionais a ajuda no serviço de refeições e auxilio aos doentes é assegurada por cidadãos voluntários.
3. Em Viseu o Governo não melhora a qualidade das respostas e adia o Centro Oncológico de Viseu
Como se sabe a área de influência do centro Hospitalar Tondela/Viseu, EPE, é muito vasta e abrange em algumas valências os distritos da Guarda e Castelo Branco, com um número superior a 500 mil habitantes.
Os últimos estudos preveem que um em cada três habitantes venha a ter uma doença oncológica. Perante esta previsão, e com base em estudos de viabilidade e sustentabilidade, desde 2004 que anteriores Governos de Portugal reconhecem a necessidade da criação do Centro Oncológico de Viseu.
Porém, por ausência de decisões acertadas, diariamente dezenas de doentes deslocam-se entre Castelo Branco, Guarda e Viseu em direção a Coimbra a fim de realizarem tratamentos de radioterapia e quimioterapia. É esta a realidade penosa de quem, já estando fragilizado, vê o seu sofrimento agravado.
A criação do Centro Oncológico de Viseu possibilitaria um diagnóstico mais rápido, os gastos diminuiriam e o sofrimento resultante da deslocação seria bem menor.
Para o Presidente da Federação de Viseu do PS, António Borges “ existe uma evidente intenção de o Governo desacreditar o Serviço Nacional de Saúde, que se afirma na redução dos seus profissionais e nas condições materiais de funcionamento bem como no fecho de serviços de proximidade. É uma forma pouco justa de abrir caminho à privatização dos serviços.”
Nos últimos tempos e no país, nas grandes como nas pequenas unidades, como se percebe no distrito Viseu, tem-se assistido a tudo:- pedidos de demissão de diretores de serviços, mortes nas urgências, cortes que atingem cerca do dobro do previsto no memorando inicial, redução de cerca de 900 camas no SNS e a necessidade de serem reabertas, taxas moderadas nos cinquenta euros ou ainda mais de um milhão de portugueses sem médico de família.
A Federação de Viseu do PS deixa por isso um alerta relativamente aos que falam em “estragar” quando isso não é mais que a sua própria prática. Manifesta-se contra as políticas do Governo da Direita que procuram fragilizar o Serviço Nacional de Saúde, criam as maiores dificuldades ao seu acesso e, sabe-se porquê, diminuem cada vez mais a confiança dos seus utentes nos serviços prestados.
O PS vai ter de compor o que andam a estragar e na saúde dos viseenses os factos falam por si!