O Núcleo Interpretativo foi construído ao abrigo de uma candidatura ao programa comunitário ON.2, no valor de 600 mil euros, que contemplou uma intervenção a nível da delimitação física do castro, trabalhos de conservação e restauro das respetivas muralhas, trabalhos de arqueologia e a edição de um guia bilingue, apresentado durante a inauguração. Esta intervenção inseriu-se num projeto público-privado mais vasto, que abrangeu a construção do hotel de cinco estrelas, que juntou a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), a Câmara Municipal de Mesão Frio e a empresa Prata Parque Imobiliária.
António Ponte, Diretor Regional de Cultura do Norte, afirmou que, nesta primeira fase, houve algumas beneficiações estruturais ao monumento e que, “uma das mais significativas terá sido o isolamento periférico de toda a área do castro de Cidadelhe, o que permite ter maiores condições de segurança face a atos de vandalismo e o desenvolvimento do centro interpretativo. É de facto essencial preservar o nosso património histórico, a nossa cultura e a nossa identidade mas, é determinante que o património seja mediado e comunicado. O Castro de Cidadelhe vale pelo seu contexto de história, vida e identidade e, certamente que o centro interpretativo poderá ajudar a potenciar o desenvolvimento socioeconómico e estrutural de toda a zona envolvente. Há outra particularidade que para mim, é muito relevante, que é esta parceria do público com o privado, o que demonstra bem a consciência de que o património pode ter um lado ativo com valor acrescentado e que as pessoas não vêm apenas à procura da paisagem, mas vêm também à procura de experiências qualificadas. Vamos esperar que seja a primeira fase do plano de intervenção, para que se possa integrar este castro na Rede de Castros de Portugal”, terminou, deixando o seu agradecimento a todos os parceiros envolvidos, em especial ao município de Mesão Frio.
O presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Alberto Pereira, cumprimentou todos os presentes e demonstrou a visível satisfação pela inauguração do núcleo interpretativo: “hoje estamos a viver, não o primeiro de muitos passos, mas o segundo de três passos. O primeiro foi com a inauguração do hotel, o segundo a inauguração do núcleo interpretativo e o terceiro será a abertura a todos os visitantes do Castro de Cidadelhe. É preciso que agora este monumento fique definitivamente aberto ao público. Para isso, falta uma pequena parte, que é constituir o edifício que comporte a portaria e algumas obras adjacentes ao castro para que, qualquer pessoa que visite o núcleo interpretativo, depois possa, “in loco”, ver esse monumento. Sem isso, não fará qualquer sentido a inauguração deste núcleo interpretativo. Como sabem, este monumento é do Estado, está sob a alçada da Direção Regional de Cultura do Norte e portanto, só esta poderá fazer a candidatura aos fundos comunitários para a terceira fase. A parte que não for comparticipada por fundos comunitários será repartida da seguinte forma: 7,5 % será pago pela Direção Regional de Cultura do Norte, 3,75% pela Prata Parques e 3,75% pela Câmara Municipal de Mesão Frio. Estamos disponíveis para assumir a nossa parte e ansiosos para que, a Direção Regional de Cultura do Norte faça essa mesma candidatura, porque seria um monumento especial para toda a região, porque com certeza, trará mais-valias ao hotel de Cidadelhe e a outros que poderão existir em Mesão Frio. Será mais um monumento a visitar em Mesão Frio e na região, com características muito singulares e que é mais uma âncora para o desenvolvimento do município.” Alberto Pereira agradeceu a disponibilidade de António Ponte, “um elemento essencial para que este processo ficasse fechado”, e lançou o repto para que a abertura do castro de Cidadelhe ao público seja em breve uma realidade.
Classificado como imóvel de interesse público em 1992, o Castro de Cidadelhe ergue-se no cimo de uma colina situada nas imediações da localidade que lhe deu o nome e cuja fundação será anterior à de Mesão Frio. Trata-se de um povoado fortificado que apresenta duas cinturas de muralhas pré-romanas, uma à volta da acrópole e a outra exterior, com quatro metros de largura e cinco a seis metros de altura. Naquele espaço, restam diversos muros da época romana e uma torre quadrangular medieval, construída sobre um estrato de saibro que cobre várias estruturas habitacionais pré-romanas.