A rega deficitária do olival é uma aposta a considerar no curto/médio prazo, com resultados positivos na produção e na qualidade do azeite, devido à escassez dos recursos hídricos e ao custo da água. A conclusão é de um estudo desenvolvido por investigadores de quatro instituições portuguesas de ensino superior.
“Os parâmetros físico-químicos de qualidade do azeite, como a acidez, o índice de peróxidos, entre outros, não são afetados pelo tipo de rega. Já o teor em polifenóis foi superior nos tratamentos de rega deficitária, o que se traduz em azeites mais amargos e picantes”, revela a investigadora Anabela Fernandes Silva, do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), e coordenadora do projeto na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
O estudo, desenvolvido em parceria entre o CITAB/UTAD, a Escola Superior Agrária de Bragança (ESAB), a Universidade de Évora e o Instituto de Ciências Tecnológicas Agrárias, decorreu na Quinta do Carrascal, da empresa VIAZ, situada no Vale da Vilariça, em Vila Flor.
A investigação teve como objetivo principal avaliar “os efeitos de diferentes estratégias de rega deficitária em comparação com a rega máxima nas relações hídricas da planta, na resposta vegetativa e produtiva, assim como na qualidade do azeite, com vista à gestão sustentável do uso da água de rega no olival”, explica Anabela Fernandes Silva.
Os efeitos da estratégia de rega na eficiência da colheita mecânica da azeitona e na erosão hídrica do solo foram também avaliados no estudo.
“No que concerne à colheita mecanizada, capacidade de trabalho, força de destaque dos frutos e peso não foram detetadas diferenças entre as diferentes dotações de rega aplicadas” garante Arlindo Almeida, da ESAB.
Além disso, a equipa de investigadores percebeu que o conteúdo em azeite obtido foi superior quando a quantidade de água de rega foi reduzida para metade, em relação à rega máxima, o que poderá ser um mecanismo da planta para recuperar a produção em azeite.
Por outro lado, “a redução de água da rega durante os meses de verão provocou uma diminuição do peso das azeitonas e também na relação polpa/caroço. Mas, na colheita, em novembro, estas diferenças deixam de existir, em consequência das chuvas outonais”, indica Anabela Fernandes Silva, do CITAB.
Os resultados do projeto “Rega deficitária na oliveira na região da Terra Quente Transmontana (IrrigOlive)” vão ser apresentados num Workshop a decorrer no dia 5 de junho, no Auditório da Câmara Municipal de Vila Flor.
“A divulgação vai permitir aos agentes da fileira a adoção de medidas enquadradas na melhoria dos rendimentos, da produção e da qualidade do olival e da azeitona,” assegura a também docente do Departamento de Agronomia da UTAD.
São esperados responsáveis de instituições e empresas ligadas à agricultura, técnicos e produtores. A participação é gratuita mas sujeita a inscrição através do e-mail tsantos@utad.pt ou do telefone 259 350 410, até 2 de junho de 2015.
Nota para o jornalista/editor:
O olival da Quinta do Carrascal está integrado no perímetro de rega do Vale da Vilariça, em Vila Flor, e recebe água da Barragem de Ribeiro Grande e Arco.
Legenda da imagem
“O estudo desenvolvido no Vale da Vilariça, em Vila Flor, conclui que a rega deficitária aumenta a produção e a qualidade do azeite.”