João Pereira – Como é que surgiram os “GNR”?
Toli César Machado – Surgimos como qualquer grupo que surge, na altura éramos miúdos de 17, 18 anos… Como qualquer grupo, fomos para uma garagem, o material estava montado e fomos experimentando e testando, até chegar ao improvável que é gravar um disco. Isto também é uma sorte!
JP – Porquê o nome “Grupo Novo Rock”?
Toli C. M. – Foi o nome apresentado na altura, havia vários nomes para escolher e na altura escolhemos esse. Estou a falar em 1980, estava eu, o Alexandre Soares e o Vítor. Não sei de quem surgiu a ideia, não foi minha mas estava lá o nome e ficou.
JP - Sentem que estão a renascer na música portuguesa? Os “GNR” estão aí para as curvas?
Rui Reininho – Sim, então com estas curvinhas até Cinfães… (risos) nem enjoamos nem nada! Sim, vai ser uma época em pleno, temos um ano seguido de concertos, pelo menos.
JP – O que é que esperam da tournée deste ano? É sobretudo para apresentar o novo CD?
Rui Reininho – Não só, mas também. Esperamos o melhor porque os espetáculos têm estado a correr muito bem.
JP – Os concertos ao vivo perto do público são muito importantes para uma banda?
RR - São. E fora do chamado litoral (...) Para já, às vezes sentimos que há mais surpresa, mais interesse. O pessoal do litoral é muito mais blasé, não é? «Ai eu não vou ao concerto, tenho mais que fazer! Às dez horas? Mas a essa hora ainda estou a jantar!», são pouco flexíveis aquelas cabeças. Aqui há mais disponibilidade [das pessoas].
JP – Como se mantém a vontade de criar novos projetos ao fim de 33 anos de carreira?
Toli César Machado – Ao fim de 33 anos vamo-nos conhecendo melhor e temos vontade de fazer coisas diferentes e enquanto houver essa vontade vamos continuar a fazer discos e concertos. Enquanto nos divertirmos a fazer isto, enquanto houver ideias, vamos continuar.
JP – Apesar de algumas reformulações, entre saídas e entradas, os GNR conseguem manter-se intatos. Como é possível?
Toli C. M. – Não há grandes entradas. Esta formação, nós os três, já estamos desde 1986 juntos, trabalhamos sempre com músicos convidados nos concertos porque tem de ser e nos discos gravamos sempre só os três com o produtor.
JP – Em 2011 comemoraram 30 anos de carreira. Foi um ano inesquecível?
Toli C. M. – Eu não gosto muito de andar a contar cartuxos… Temos discos novos, estamos aí… Há bandas que não têm, não é? Existem bandas que lançam um CD e têm anos de carreira sem fazerem mais nada. E depois comemoram 30 anos de carreira e já acabaram há 20…
JP – Como é que os “GNR” vêem o seu espaço na música portuguesa e até na música internacional?
Toli C. M. – Na música internacional não existimos, vamos ser sinceros. Não há ilusões porque a indústria musical em Portugal não existe, não tem expressão. Em termos nacionais, temos o nosso espaço, somos uma banda importante.
JP – Já tinham estado em Cinfães? O que acham da Vila e das gentes?
Toli C. M. – Já tocamos em Cinfães. Eu hoje não tive tempo de ver mas eu gosto muito destas terras daqui. O meu avô por acaso não é daqui mas não é de muito longe, é de Resende. Gosto imenso desta zona daqui.
JP – Para além do novo álbum, “Caixa Negra”, quais são os projetos mais imediatos? Estão a trabalhar em alguma novidade?
Toli C. M. – Sim. Há 15 dias atrás gravamos o espetáculo acústico no Teatro Circo em Braga, vai sair através da revista Blitz, com versões diferentes, um disco novo com versões acústicas. Para o ano vamos ter algumas surpresas, não quero estar a revelar mas vamos ter algumas coisas importantes.
JP – Muito obrigado!
Toli C. M. – Muito obrigado!